sábado, 5 de julho de 2014

Árbitro que não viu a falta em Neymar já foi criticado por aplicar cartões em excesso

Carlos Velasco Carballo (foto), árbitro espanhol que não viu falta de Zúñiga no lance que causou uma fratura numa vértebra de Neymar, já foi criticado por atitude oposta. Apontado como um dos melhores apitadores da Espanha na atualidade, ele foi contestado por distribuir muitos cartões no primeiro jogo da Eurocopa 2012, entre Polônia x Grécia.

Naquela partida, foram quatro cartões amarelos e mais dois vermelhos – um para cada lado. E ainda um pênalti a favor dos gregos, que definiu o placar em 1 a 1. Por coincidência ou não, no segundo e último jogo de Velasco na Eurocopa não houve nenhum cartão. A Alemanha venceu a Dinamarca por 2 x 1 e o árbitro não tirou nada do bolso.

A fama de Carlos Velasco Carballo na Espanha é das melhores. Nascido na capital, ele não comanda nenhum jogo que tenha o Real Madrid ou o Atlético de Madri em campo, mas ganha destaque pela regularidade. A lista de advertências em suas partidas no Campeonato Espanhol  sempre é extensa.

Só para se ter como exemplo, no último jogo antes do Mundial, ele distribuiu cinco amarelos na vitória da Real Sociedad diante do Villareal, por 2 a 1. Uma semana antes, quando o Levante fez 2 a 0 no Valencia, foram 10 cartões: um vermelho e nove amarelos.

Nesta Copa do Mundo já são oito cartões amarelos. Quatro no jogo entre Brasil x Colômbia – Júlio César, Thiago Silva, Yepes e James Rodríguez, dois no Bósnia 3 x 1 Irã e mais dois na partida Uruguai 2 x 1 Inglaterra. A atuação no estádio do Castelão, nesta sexta-feira, rendeu elogios da Fifa e até uma especulação de que pode ser dele a vaga de árbitro na final, em 13 de julho no Maracanã.

"Sou muito exigente comigo mesmo e com quem me cerca, então deixo todas as atividades de lado para focar só na arbitragem. Isto tem o lado bom, mas também o lado ruim. Em alguns dias você não consegue parar de pensar em um erro, no pênalti que não deu, no lance que não viu. Eu sofro com isto", disse Carballo à rádio Cadena Ser, da Espanha, antes da Eurocopa de 2012.

De acordo com o site World Referee, ele aplicou 201 cartões amarelos, cinco vermelhos e assinalou 18 pênaltis em 56 partidas internacionais. Mas a atuação no confronto das quartas de final da Copa do Mundo não agradou nenhum dos lados. Os jogadores da seleção brasileira reclamaram da falta de pulso, da ausência de cartões e consequente imprudência de Zúñiga com Neymar.

Na Colômbia, Carlos Bacca reclamou do lance que sofreu pênalti. Para o atacante, o goleiro Júlio César tinha que ter sido expulso. Radamel Falcao, grande estrela do time e que ficou de fora da Copa por lesão, também não gostou da participação de Carlos Velasco Carballo.

"Para o próximo jogo vamos combinar de chamar o árbitro que hoje não se viu", escreveu o jogador do Monaco-França em sua conta oficial do Twitter, pouco depois da eliminação colombiana.

Aos 43 anos, Carlos Velasco Carballo se dedica exclusivamente a carreira de árbitro. A estreia no Campeonato Espanhol ocorreu em 2004 e quatro anos depois entrou para o quadro da Uefa, apitando desde então partidas pelo continente com o ápice sendo a final da Liga Europa 2010/11, entre Porto e Braga.

"Eu entendo que as pessoas queiram ouvir o árbitro após um lance polêmico, mas a verdade é que só procuram o árbitro para criticar. Não existe uma crítica construtiva, no dia a dia", afirmou o juiz. "O que eu posso dizer em 80% dos casos além de frases vazias? 'E aquela mão? Não vi'. O que posso dizer?", completou ao defender sua tese de que os árbitros não devem se manifestar após os jogos.
Fonte: Jeremias Werneck - UOL/Belo Horizonte

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