Diante das críticas “contundentes” que tenho
feito a respeito da fraquíssima qualidade da arbitragem nacional, sobretudo, no
Campeonato Brasileiro da CBF, sou instado via e-mail a apresentar as causas e
se possível traçar um panorama do futuro dos nossos homens de preto.
Na nossa opinião, a derrocada qualitativa do
árbitro de futebol brasileiro remonta a década de 90, quando inúmeros problemas
de ordem ética e moral de gravíssima intensidade, atingiram a direção do
comando da arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A entidade a época dos acontecimentos, ao
invés de tomar medidas efetivas e lancetar o “furúnculo”, agiu em descompasso
com o acontecido e empurrou gradativamente para debaixo do tapete, os fatos
desagradáveis que se sucederam. Ou seja, tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes.
Desde então, a não ser o surgimento do
ex-árbitro Carlos Eugênio Simon, que atuou em três Mundiais consecutivos
(2002/2006/2010), e mais recentemente Sandro Meira Ricci (Fifa/PE), que foi o
único que evoluiu em relação os demais juízes, motivo que lhe credenciou a representar
o Brasil na última Copa do Mundo, nenhum fato de relevância surgiu na
arbitragem nacional.
Acoplado ao exposto acima, mesmo tendo
conhecimento desde 2007 de que iria sediar a Copa de 2014, a CBF e a Comissão
de Arbitragem, não tiveram o desvelo de elaborar um projeto de excelência, com
o objetivo precípuo de preparar um trio de árbitros de alto nível para
representar a arbitragem nacional na Copa.
Além disso, equivocadamente foi designado o
ex-árbitro Wilson Luiz Seneme (SP), como representante do apito brasileiro na
Copa. E, como segunda opção, Leandro Pedro Vuaden (Fifa/RS), que quando da
indicação já apresentava vestígios de decadência.
Seneme, submetido ao teste físico da Fifa em
duas oportunidades, em 2013/2014, sob os olhares imutáveis dos preparadores da
entidade internacional, foi reprovado fragorosamente. Já seu substituto, o
gaúcho Leandro Vuaden, convocado a realizar o mesmo teste em Assunção
(Paraguai), também foi reprovado. Foi em decorrência do lamentável episódio protagonizado
pelos indigitados apitadores, que surgiu a terceira via, Sandro Meira Ricci.
Acrescente-se ao aqui mencionado, uma prática
“nefasta” adotada pela CBF, que é o continuísmo dos membros da Comissão de
Arbitragem da instituição. Falo em continuísmo, porque o comando da CA/CBF mudou
de mãos raríssimas vezes desde 1990. E, as mudanças implementadas pelas pessoas
que comandaram aquele departamento nas últimas duas décadas, que deveriam ter
visado a oxigenação, otimização e modernização de um dos setores mais
importantes do futebol, que é a arbitragem, foram tímidas.
Outro fator que tem contribuído para a “debacle”
nas tomadas de decisões dos homens de preto no campo de jogo, é formado pelo
tripé composto pelos presidentes das federações estaduais, na composição das
comissões de arbitragem e na formação e didática dos apitos.
Os manda-chuvas das federações com raras
exceções, não esboçam a menor vontade de investirem nos seus quadro de
arbitragem. Aliado a isto, escolhem para compor a direção dos árbitros, pessoas
que nunca apitaram sequer uma partida de menino de final de rua de conjunto
habitacional. E, por derradeiro, nomeiam como dirigentes das escolas de
formação de arbitragem, ex-árbitros
desatualizados com a realidade vigente do futebol, ou então gente que
nunca vestiu a indumentária de preto ou apitou uma simples partida de futebol
de pelada.
PS:
Retorno ao tema na próxima coluna.
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