quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Política está matando arbitragem


Diante das críticas “contundentes” que tenho feito a respeito da fraquíssima qualidade da arbitragem nacional, sobretudo, no Campeonato Brasileiro da CBF, sou instado via e-mail a apresentar as causas e se possível traçar um panorama do futuro dos nossos homens de preto.

Na nossa opinião, a derrocada qualitativa do árbitro de futebol brasileiro remonta a década de 90, quando inúmeros problemas de ordem ética e moral de gravíssima intensidade, atingiram a direção do comando da arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A entidade a época dos acontecimentos, ao invés de tomar medidas efetivas e lancetar o “furúnculo”, agiu em descompasso com o acontecido e empurrou gradativamente para debaixo do tapete, os fatos desagradáveis que se sucederam. Ou seja, tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes.

Desde então, a não ser o surgimento do ex-árbitro Carlos Eugênio Simon, que atuou em três Mundiais consecutivos (2002/2006/2010), e mais recentemente Sandro Meira Ricci (Fifa/PE), que foi o único que evoluiu em relação os demais juízes, motivo que lhe credenciou a representar o Brasil na última Copa do Mundo, nenhum fato de relevância surgiu na arbitragem nacional.

Acoplado ao exposto acima, mesmo tendo conhecimento desde 2007 de que iria sediar a Copa de 2014, a CBF e a Comissão de Arbitragem, não tiveram o desvelo de elaborar um projeto de excelência, com o objetivo precípuo de preparar um trio de árbitros de alto nível para representar a arbitragem nacional na Copa.

Além disso, equivocadamente foi designado o ex-árbitro Wilson Luiz Seneme (SP), como representante do apito brasileiro na Copa. E, como segunda opção, Leandro Pedro Vuaden (Fifa/RS), que quando da indicação já apresentava vestígios de decadência.
 
Seneme, submetido ao teste físico da Fifa em duas oportunidades, em 2013/2014, sob os olhares imutáveis dos preparadores da entidade internacional, foi reprovado fragorosamente. Já seu substituto, o gaúcho Leandro Vuaden, convocado a realizar o mesmo teste em Assunção (Paraguai), também foi reprovado. Foi em decorrência do lamentável episódio protagonizado pelos indigitados apitadores, que surgiu a terceira via, Sandro Meira Ricci.

Acrescente-se ao aqui mencionado, uma prática “nefasta” adotada pela CBF, que é o continuísmo dos membros da Comissão de Arbitragem da instituição. Falo em continuísmo, porque o comando da CA/CBF mudou de mãos raríssimas vezes desde 1990. E, as mudanças implementadas pelas pessoas que comandaram aquele departamento nas últimas duas décadas, que deveriam ter visado a oxigenação, otimização e modernização de um dos setores mais importantes do futebol, que é a arbitragem, foram tímidas.  

Outro fator que tem contribuído para a “debacle” nas tomadas de decisões dos homens de preto no campo de jogo, é formado pelo tripé composto pelos presidentes das federações estaduais, na composição das comissões de arbitragem e na formação e didática dos apitos.

Os manda-chuvas das federações com raras exceções, não esboçam a menor vontade de investirem nos seus quadro de arbitragem. Aliado a isto, escolhem para compor a direção dos árbitros, pessoas que nunca apitaram sequer uma partida de menino de final de rua de conjunto habitacional. E, por derradeiro, nomeiam como dirigentes das escolas de formação de arbitragem, ex-árbitros  desatualizados com a realidade vigente do futebol, ou então gente que nunca vestiu a indumentária de preto ou apitou uma simples partida de futebol de pelada.
PS: Retorno ao tema na próxima coluna.  


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