sábado, 27 de setembro de 2014

Presidente da ANAF fala ao Estadão sobre nova recomendação da Fifa

arnaldo 
marco pequeno 
O Estado de S. Paulo ouviu especialistas em arbitragem que atacaram as declarações feitas pelo chefe do Departamento de Arbitragem da Fifa, Massimo Busacca, de que os apitos brasileiros não estão alinhados às orientações da entidade em relação a lances de mão na bola.
Raphael Ramos, reporter do Estadão, escreveu que “Ex-árbitros afirmam que erro de interpretação da recomendação é culpa da própria Fifa e dos seus chefes de arbitragem”. 
Para Marco Antonio Martins, presidente da Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol), se há erro de interpretação da nova recomendação da Fifa, a culpa é da própria entidade. “Os brasileiros não estão com dificuldades de entender. A Fifa mandou dois instrutores para o Brasil, o Oscar Ruiz e Jorge Larrionda. Sempre existiu interpretação nesse tipo de lance. Se para a Fifa está havendo erro de interpretação, o problema foi de quem repassou a informação”, disse.
Arnaldo Cezar Coelho, árbitro das Copas do Mundo de 1978 e 1982 e atualmente comentarista da TV Globo, criticou a atuação de Busacca à frente do Departamento de Arbitragem da Fifa. “Se for assim, os espanhóis também estão mal orientados porque tivemos um lance absurdo no jogo do Real Madrid e ele é o responsável. Vale lembrar que na Copa do Mundo a arbitragem não foi um primor. Muito pelo contrário, foi um desastre”, disse.
Para Arnaldo Cezar, os últimos pênaltis mal marcados no Brasil não foram provocados por erros de interpretação da nova recomendação da Fifa e sim por falhas técnicas dos árbitros. Ele cita a penalidade marcada a favor do Flamengo, contra o Corinthians, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro, quando o lateral-direito Fagner estava com o braço esquerdo na barriga quando a bola foi chutada em sua direção. “Ali, o Sandro Meira Ricci se precipitou e interpretou a regra errada. Por experiência própria, digo que em 60% dos lances desse tipo o árbitro não vê o que acontece porque tudo é muito rápido e, muitas vezes, vários jogadores estão atrapalhando a sua visão”, disse.
gaciba 190 
Leonardo Gaciba, comentarista de arbitragem do canal SporTV e ex-árbitro Fifa, também discorda da avaliação feita por Busacca. “A Fifa tem de assumir o que faz e o que falou perante os seus instrutores. Existe um vídeo com 26 situações que ela, inclusive, proibiu de ser exibido. A CBF queria exibir para  o público e mostrar o que os árbitros receberam de orientação, mas a Fifa não permitiu”, disse.
Gaciba ressalta que não é apenas no Brasil que as jogadas de mão na bola estão provocando polêmica. “Na Espanha, tivemos lance dentro desse modelo e no Campeonato Português o jogador estava de braço aberto quando a bola bateu no seu peito e o juiz deu pênalti. Na Libertadores, também ocorreu algo semelhante. Isso não acontece só no Brasil.”
CBF ataca a Fifa após críticas sobre árbitros: ‘não somos levianos’
Depois de declarações polêmicas de Massimo Busacca, Marco Polo Del Nero diz que possui vídeos e imagens que comprovam infrações.
O presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, banca a decisão dos árbitros brasileiros contra os comentários da Fifa e alerta: ninguém na entidade é “leviano”. Na quarta-feira, em entrevista aos jornais brasileiros, o chefe de arbitragem da Fifa, Massimo Busacca, negou que haja uma orientação da entidade para apitar pênalti ou falta qualquer de bola na mão, como tem sido o comportamento dos árbitros brasileiros.
Suas declarações causaram mal-estar dentro da CBF e entre os árbitros. No Brasil, o chefe da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, insistiu que as novas orientações eram uma recomendação da Fifa e que teria sido o uruguaio Jorge Larrionda, instrutor da Fifa, quem passou as novas ordens. “O Sergio Correa respondeu lá no Brasil”, declarou Del Nero na quinta-feira na Fifa. “Nós temos os vídeos, as provas. Ele não é leviano”, insistiu.
Na quarta-feita, a Fifa insistiu que “nunca mudou” a “regra da bola na mão” e criticou o comportamento dos juízes no Brasil. Para a entidade, os árbitros precisam “ler a situação” e não dar falta a cada bola que toque na mão. “A mão faz parte do jogador. Não há como pensar em um jogador sem mãos”, indicou Busacca.
Del Nero disse que há vídeos e imagens que comprovam pênaltis polêmicos
Nas últimas semanas, a arbitragem do Campeonato Brasileiro tem causado diversas polêmicas, em especial por conta de lances de mão na bola. A diretriz da CBF sobre da “mão na bola” aponta para uma direção exatamente contrária à avaliação de Busacca.
A recomendação “une a mão intencional com o toque teoricamente não proposital e intensifica as marcações de infrações, mas levando em consideração fatores como a distância entre o atleta que tocou na bola e aquele que chutou”. Na prática, a recomendação restringe a interpretação de que possa haver um movimento de bola na mão.
Na Fifa, a recomendação surpreendeu. Segundo Busacca, “não se pode dar falta a qualquer toque de mão. “Isso é um absurdo”, declarou. Para ele, o que precisa ser pensado é se a mão de um jogador estava ou não no local de forma “natural ou não-natural”.
“Um jogador precisa de sua mão e de seu braço para correr, para se equilibrar e para saltar”, disse. “Não se pode jogar sem mão”, declarou. Para ele, questionar isso é “desrespeitar o atleta”. Outro fator, segundo ele, que precisa ser avaliado é se o toque foi “intencional ou não”. “Quando um jogador tenta fazer seu corpo maior usando a mão, isso deve ser punido”, disse.
Busacca insiste que, em seu trabalho, tem reforçado a ideia de que os árbitros precisam ir além das regras escritas e saber “ler” uma situação.  “O juiz não pode só pensar como juiz e apenas aplicar o que está escrito”, disse. “Um juiz precisa se colocar no lugar do jogador e entender um movimento”, completou. Nesta semana, o presidente da CBF, José Maria Marin, deixou claro que estava “insatisfeito” com a arbitragem no Brasil.
Fonte: (ANAF) - O ESTADO DE SÃO PAULO

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