terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Conduzir os árbitros ao topo

No curso de Inverno da Uefa, em Atenas, Pierluigi Collina lembrou aos novos árbitros internacionais quais as qualidades necessárias para chegar ao topo da carreira.
Conduzir os árbitros ao topo
Pierluigi Collina, responsável pela arbitragem da Uefa, dirige-se aos novos árbitros internacionais durante o curso de Inverno, em Atenas ©Sportsfile
Coragem para assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas... preparação assídua... confiança em sim próprio... capacidade de aprender com os erros... e uma força imensa para lidar com momentos complicados. Eis apenas algumas das qualidades exigidas nos dias de hoje aos árbitros e árbitras de elite da Uefa.

Os "juízes" recém-chegados à lista de internacionais da Fifa receberam, no 24º Curso Introdutório da Uefa para Árbitros Internacionais, em Atenas, uma visão profunda daquilo que é preciso para chegar ao topo da arbitragem por parte de alguém que sabe bem o que é lá estar: Pierluigi Collina (foto), responsável pela arbitragem da Uefa.

Collina, que entre outros jogos grandiosos dirigiu a final do Campeonato do Mundo de 2002, a final de 1999 da Uefa Champions League ou a final da Taça Uefa em 2004 durante uma carreira como árbitro reconhecida por todos, ofereceu a sua vasta experiência aos 53 novos árbitros e árbitras da Europa durante uma apaixonante apresentação com cerca de uma hora de duração.

"O trabalho de um árbitro é extremamente difícil", salientou. "Vocês têm menos de meio segundo para tomar uma decisão, frequentemente sob enorme pressão e debaixo de forte escrutínio por parte de adeptos e comunicação social. 

As vossas decisões podem afetar não só os resultados desportivos como ter igualmente um impacto econômico. Um árbitro tem, pois, de saber lidar com essa responsabilidade. Têm de se conhecer a si mesmos, saber quais as vossas forças e quais as vossas fraquezas. Têm de procurar sempre melhorar até à vossa derradeira nomeação como árbitro e estar sempre abertos à mudança."

Collina destacou a importância de um árbitro de topo estar bem preparado em termos físicos – "hoje, os árbitros têm de ser autênticos atletas", referiu – como no que diz respeito ao conhecimento das equipes que vai arbitrar.

"Se estudarem as táticas habituais das equipes e as características individuais dos seus jogadores poderão estar um passo à frente na tomada de decisões em campo. Não é apenas a vontade de vencer que faz a diferença, é a vontade de estar bem preparado. Se não estiverem bem preparados, então irão falhar."

A condição física é um elemento determinante para qualquer árbitro de futebol, tendo em conta a alta velocidade e a elevada pressão do futebol atual. "Os jogadores cometem mais erros na parte final dos jogos devido ao cansaço", lembrou Collina, "e o mesmo é verdade para os árbitros". 

Têm que ter a capacidade de permanecerem lúcidos mesmo até aos derradeiros instantes de um encontro, pois nunca se sabe o que vai acontecer", acrescentou, antes de relembrar a sua própria experiência como árbitro da inesquecível final de 1999 da Uefa Champions League, quando o Manchester United FC bateu o FC Bayern München em Barcelona com dois gols nos momentos finais da partida.

Collina pediu aos árbitros para protegerem tanto o jogo como os jogadores – e para se protegerem a eles mesmos. "Não queremos ver as carreiras dos jogadores colocadas em risco por uma entrada mais arriscada por parte de um adversário, nem podemos aceitar ajuntamentos de jogadores à volta de um árbitro", sublinhou. Outro aspecto essencial passa por conhecer com perfeição as Regras de Futebol.

"Em campo, o árbitro é o indivíduo responsável por garantir que um jogo é disputado de acordo com as regras", explicou Collina, "pelo que vocês devem conhecer as regras e as mais recentes atualizações sobre como elas devem ser interpretadas, de forma a tomarem decisões corretas.

E como deve reagir um árbitro depois de cometer um erro? "Têm de olhar em frente e esquecer esse erro durante o jogo", aconselhou Collina. "Esse momento já passou. Depois, no final do encontro, tentem aprender com esse erro, perceber por que razão ele ocorreu e tentar transformar esse momento negativo numa experiência positiva, que os tornará mais fortes."

O elemento crucial do trabalho da equipe, motivação mútua e entre ajuda entre os árbitros e os seus assistentes é igualmente um componente vital para um bom desempenho, sendo os novos árbitros internacionais da Uefa convidados a ter sempre presente na sua cabeça que um árbitro nunca está em campo sozinho. O talento, afirmou Collina, pode ganhar jogos, mas o trabalho de equipe é determinante para ganhar campeonatos.

"Têm de ter autoconfiança e acreditar em vós mesmos", concluiu Collina no final da sua apresentação aos novos árbitros europeus. "Parabéns por terem chegado até aqui. Vocês têm o sonho de se tornarem  árbitros da elite europeia e a Uefa está aqui para vos ajudar a concretizar esse sonho."
Fonte: Mark Chaplin.Uefa.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário