domingo, 11 de outubro de 2015

Arbitragem: Modelo atual fracassou

Na última Copa do Mundo realizada em solo brasileiro, a Fifa realizou um minucioso processo pré-seletivo com os homens do apito como nunca havia realizado em se tratando de um Mundial. A entidade que controla o futebol no planeta usou a premissa de que quanto melhor preparado o árbitro, suas tomadas de decisões terão um índice maior de acertos e, por conseguinte, um menor número de erros.

Árbitros e bandeiras pré-selecionados, foram submetidos dois anos antes do início da Copa, a exames com especialistas de alto nível na área de hematologia, cardiologia, neurologia, fisiologia, psicologia, tecnologia na linha do gol, educação física e testes físicos que retratam fidedignamente os movimentos dos profissionais do apito e da bandeira no campo de jogo durante o transcorrer de uma partida.

Além disso, foram efetivados uma gama de testes teóricos como provas em inglês sobre as regras, centenas de vídeos exibidos de jogadas selecionadas em distintas partes do campo envolvendo atletas e a arbitragem e atividades práticas. Com todo o aparato mencionado e com o que de melhor no apito entendeu a Fifa, num torneio de curta duração como é o Mundial, algumas decisões dos homens de preto deram “chabu”.

O Campeonato Brasileiro da Série (A) é a “jóia da coroa” da CBF e sua duração ultrapassa a casa dos oito meses. Portanto, guardada as devidas proporções, não é aceitável em hipótese alguma que a entidade que gere além da Série (A), as Séries (B, C, D, Copa do Brasil, Copa do Nordeste, Sub-17, Sub-20 e nos próximos meses a Copa Sul/Minas/Rio) - circunscreva os testes teóricos, práticos, psicológicos, físicos e dois testes da Conmebol à um grupo restrito de juízes e bandeiras como vem acontecendo sistematicamente. Esta prática está ultrapassada.

Explico: A CA/CBF realiza quatro cursos anuais à um contingente, repito, restrito da Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf). Geralmente participam desses seminários, árbitros e assistentes da Fifa, alguns promissores e esporadicamente um ou outro apito do Ranking da entidade. Também é realizado nos Estados onde há membros da Renaf, um teste teórico e físico anualmente.

São suficientes as ferramentas acima disponibilizadas pela CBF para a arbitragem brasileira desenvolver um trabalho de excelência? Não! A evolução do futebol que foi transformado num grande negócio, acoplada a profissionalização dos atletas nas duas últimas décadas - e a ausência de investimentos financeiros e a precária formação do árbitro a partir da base, ou seja, das federações de futebol - e a maneira como os cursos de capacitação continuada que faz a CBF à arbitragem e a magnitude do Campeonato Brasileiro, exigem uma mudança significativa da instituição no setor do apito.

O primeiro passo na direção de um novo paradigma de arbitragem do futebol pentacampeão, deveria começar com a contratação de um órgão comprovadamente de excelência e independente como a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Instituição reconhecida no Brasil e no exterior dado os profissionais que compõe o seu quadro de funcionários.
 
A (FGV) elaboraria um projeto que contemple uma reformulação total e irrestrita na CA/CBF. Na Escola Nacional de Árbitros de Futebol (Enaf). No quadro de assessores e delegados de arbitragem da CBF, hoje “viciado” com a presença “nefasta” de sindicalistas e pessoas que nunca apitaram uma partida de futebol de pelada - e uma nova Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf), que atenda a meritocracia e extermine a "políticalha".

Projeto que deveria traçar um programa de requalificação trimestral do quadro de árbitros da CBF, contemplando todos os pilares - (técnico, tático, psicológico e físico). Aliás, o pilar físico, tornou-se um “drama” a ser suplantado pela arbitragem brasileira. Em todas as ocasiões que apitos e assistentes da CBF/FIFA foram submetidos ao teste em tela sob os olhares “imutáveis” dos instrutores da Conmebol ou da Fifa, houve reprovação. A prova cabal foi o “fiasco” proporcionado pelos três apitos indicados pela CBF ao Mundial no Brasil, com a reprovação de todos no teste físico.

No projeto deveria constar que cada estado deveria ter um instrutor sem vinculação com as federações, nomeado pela CBF para acompanhar, ministrar, desenvolver e dirimir dúvidas sobre lances de alta complexidade que porventura viesse a arbitragem se envolver. O instrutor deveria manter os árbitros e assistentes do quadro nacional e aqueles considerados promissores, atualizados com as regras e as diretrizes da CBF e da Fifa.

PS: Resta saber se há vontade da CBF em mudar o modelo de arbitragem existente que está ultrapassado, bem como implementar um novo que contemple as propostas acima e outras que a entidade entender. Pois do contrário, o trabalho do árbitro que labora nas competições da entidade que gere o futebol pentacampeão, continuará sendo deficitário e a credibilidade das suas tomadas de decisões colocadas sob suspeita a cada equívoco. 

PS (2):Porque para os problemas difíceis que enfrenta a arbitragem na atualidade não há soluções fáceis. Se houvessem, já estariam resolvidos. Portanto, implementar medidas parciais podem acomodar e adiar os transtornos momentaneamente, mas não os equacionam e podem até aumentá-los.

PS (3): “No dia 11 de outubro de 2013, portanto a dois  anos atrás, foi promulgada a Lei Nº 12.867, que regulou a atividade do árbitro de futebol no Brasil, tornando-o profissional. Desde então, todas as medidas anunciadas e levadas a efeito pelos “sindicalistas” à categoria, foram para o beleléu".   


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