segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Decidir com “replay” é fácil

A evolução dos atletas de futebol no quesito físico e a sua consequente profissionalização, acoplado ao avanço estratosférico da tecnologia da TV, empurrou o arbitro de futebol e os assistentes para um “beco sem saída” em amplitude mundial. Os jogadores treinam, são acompanhados por nutricionistas, fisiologistas, psicólogos, PhDs em educação física, treinadores, tem atendimento médico 24 hrs, concentram-se antes dos confrontos, teem direito ao direito de arena e de imagem, são contratados por multinacionais fabricante de materiais esportivos (uniformes e chuteiras), vivem e se dedicam exclusivamente ao futebol.

A televisão disponibiliza em cada partida de futebol um arsenal composto entre vinte e oito a trinta e duas câmeras e micro câmeras de última geração, que são alocadas em locais estratégicos nas circunvizinhanças do campo de jogo, com o objetivo precípuo de acompanhar e detectar todo e qualquer movimento ou tomada de decisão do árbitro e dos assistentes.

Além do exposto, a TV nas transmissões de futebol, assim que acontece qualquer lance envolvendo atletas ou decisões da arbitragem que provoquem dúvida, incontinenti, exibe o replay. Replay que é exibido reiteradamente e propicia aos comentaristas, uma visão que o árbitro lá no campo nem sempre tem -  após observarem quatro, cinco vezes o dito replay, os comentaristas instalados confortavelmente nas belíssimas arenas, emitem seus pareceres a respeito do que viram  e a “bel- prazer” com raras exceções, arrebentam com o homem do apito e da bandeira. Aliás, analistas de arbitragem deveriam julgar as decisões de juízes e bandeiras no momento do lance, sem a ajuda do replay. Seria o correto, mas como dá “ibope”......

Já o árbitro e os assistentes não teem nenhuma das condições que contemplam os atletas e não ganham um centavo sequer dos patrocínios que estão estampados nas suas indumentárias. Pelo contrário: trabalham numa atividade profissional diferente da arbitragem para ganhar o pão de cada dia e sustento dos seus familiares, já que a atividade do homem de preto no Brasil é profissional apenas de “fachada”.

Na segunda e na terça-feira, o árbitro labora o dia inteiro e viaja na mesma terça à noite para o local do jogo da quarta-feira, ou da quinta. Ou então como todos os brasileiros deste País, dá um duro danado de segunda à sexta-feira e viaja na mesma noite de sexta se a partida for sábado ou viaja na madrugada de sábado para o prélio que vai comandar ou bandeirar no domingo.

Além disso, o árbitro que labora no futebol pentacampeão é malformado, mal pago e não recebe a devida preparação das federações de futebol como (cursos, painéis, seminários). Diante do quadro aqui mencionado, o árbitro que é membro da Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf) - se “agarra” aos cursos e seminários efetivados pela CA/CBF, tal qual um náufrago em alto mar para sobreviver, porque senão já teria ido para o “beleléu”.

Portanto, com o cenário aqui descrito não há como fazer milagre e quem prometer o contrário é de uma hipocrisia e de um caradurismo inominável.

PS: A respeito da solicitação da pauta entregue pela  Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf) na CBF, que pede melhorias à confraria do apito brasileiro escreverei na próxima coluna.

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