sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Autor de projeto com "árbitro de vídeo" quer afastar malandragem do futebol

Manoel Serapião explica objetivos da medida que será votada no início de março em reunião da International Board. CBF quer usá-la já no Campeonato Brasileiro, em maio

  Da esquerda para à direita, Manoel Serapião, Sérgio Corrêa, Alberto Helder (Portugal) e Luiz Cunha Martins
A CBF vive a expectativa de aprovar no dia 5 de março, em Cardiff, no País de Gales, uma medida que promete diminuir os erros de arbitragem no Brasil. Segundo reportagem do jornal "O Globo", a entidade espera que na Reunião Geral da International Football Association Board (IFAB) aprove-se o projeto para o uso do “árbitro de vídeo” já em jogos do Campeonato Brasileiro deste ano, a partir do dia 15 de maio. Manoel Serapião, ex-árbitro da Fifa e autor do projeto da CBF, acredita que a solução possa interferir, inclusive, na educação dos jovens.

- Haverá menos paralisações na partida, mais dinâmica de jogo e menos violência, e por consequência bem mais ética no futebol. Vai afastar do futebol essa coisa de que é o esporte da malandragem, do antiético, do garotinho que ludibria e o pai depois o abraça. Isso vai ter até interferência na formação e educação de cidadãos. O futebol é um veículo importante para isso, e nós podemos nos aproveitar dessa possibilidade de excluir os erros crassos e interferir até na educação dos jovens atletas formando mais cidadãos.

O projeto prevê que, caso um lance que altere o resultado do jogo ocorra fora do campo de visão do juiz, o árbitro de vídeo pode fazer a revisão. Ele então aciona o juiz, por meio de rádio, sem que haja interrupção e somente quando tiver convicção de que a imagem pode corrigir um erro ou mostrar um lance de agressão.

Serapião ainda ressaltou que os lances analisados pelo “árbitro de vídeo” não serão os interpretativos, esses seguirão a cargo do árbitro de campo.

- Há erros de arbitragem que são impossíveis de serem percebidos pelo olho humano, e outros que os árbitros, como seres humanos que são, cometem equívocos mesmo de interpretação. Mas o nosso projeto se destina a corrigir erros em lances quando não houver dúvida e quando houver absoluta convicção e clareza que o árbitro cometeu o equívoco. Quando se situar no campo da interpretação, nós, que não queremos substituir o árbitro em campo porque ele tem mais elementos para julgar que a imagem da televisão, o árbitro de vídeo não atuaria. Até porque trocaríamos um pelo outro, erraria o árbitro de vídeo ou, como hoje, erra o árbitro de campo. Não se trata então de lances que exijam interpretação - concluiu o ex-árbitro.

O árbitro de vídeo ficaria numa cabine no estádio com o auxílio de um técnico de imagem e com possibilidade de replay imediato. Da cabine, ele também terá a visão do campo. Depois da análise da imagem, o árbitro de vídeo informa o juiz imediatamente sobre os detalhes da correção do lance.



Nenhum comentário:

Postar um comentário