Manoel Serapião explica objetivos da medida que será votada no início de março em reunião da International Board. CBF quer usá-la já no Campeonato Brasileiro, em maio
Da esquerda para à direita, Manoel Serapião, Sérgio Corrêa, Alberto Helder (Portugal) e Luiz Cunha Martins
A CBF vive a expectativa de aprovar no dia 5 de março, em Cardiff, no
País de Gales, uma medida que promete diminuir os erros de arbitragem no
Brasil. Segundo reportagem do jornal "O Globo", a entidade espera que
na Reunião Geral da International Football Association Board (IFAB) aprove-se o
projeto para o uso do “árbitro de vídeo” já em jogos do Campeonato Brasileiro
deste ano, a partir do dia 15 de maio. Manoel Serapião, ex-árbitro da Fifa e
autor do projeto da CBF, acredita que a solução possa interferir, inclusive, na
educação dos jovens.
- Haverá menos paralisações na partida, mais dinâmica de jogo e menos
violência, e por consequência bem mais ética no futebol. Vai afastar do futebol
essa coisa de que é o esporte da malandragem, do antiético, do garotinho que
ludibria e o pai depois o abraça. Isso vai ter até interferência na formação e
educação de cidadãos. O futebol é um veículo importante para isso, e nós
podemos nos aproveitar dessa possibilidade de excluir os erros crassos e
interferir até na educação dos jovens atletas formando mais cidadãos.
O projeto prevê que, caso um lance que altere o resultado do jogo ocorra
fora do campo de visão do juiz, o árbitro de vídeo pode fazer a revisão. Ele
então aciona o juiz, por meio de rádio, sem que haja interrupção e somente
quando tiver convicção de que a imagem pode corrigir um erro ou mostrar um
lance de agressão.
Serapião ainda ressaltou que os lances analisados pelo “árbitro de
vídeo” não serão os interpretativos, esses seguirão a cargo do árbitro de
campo.
- Há erros de arbitragem que são impossíveis de serem percebidos pelo
olho humano, e outros que os árbitros, como seres humanos que são, cometem
equívocos mesmo de interpretação. Mas o nosso projeto se destina a corrigir
erros em lances quando não houver dúvida e quando houver absoluta convicção e clareza
que o árbitro cometeu o equívoco. Quando se situar no campo da interpretação,
nós, que não queremos substituir o árbitro em campo porque ele tem mais
elementos para julgar que a imagem da televisão, o árbitro de vídeo não
atuaria. Até porque trocaríamos um pelo outro, erraria o árbitro de vídeo ou,
como hoje, erra o árbitro de campo. Não se trata então de lances que exijam
interpretação - concluiu o ex-árbitro.
O árbitro de vídeo ficaria numa cabine no estádio com o auxílio de um
técnico de imagem e com possibilidade de replay imediato. Da cabine, ele também
terá a visão do campo. Depois da análise da imagem, o árbitro de vídeo informa
o juiz imediatamente sobre os detalhes da correção do lance.
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