Árbitro de vídeo em testes na MLS(EUA) - Crédito - FIFA.com
ENTREVISTA: SÉRGIO CORRÊA DA SILVA
[UM DOS PRINCÍPIOS PREVISTOS NO PROJETO DA CBF
SOBRE O (AV). PREVÊ PRUDÊNCIA NA ANÁLISE DO VÍDEO, OU SEJA, JAMAIS DECIDIR NA
PRIMEIRA IMAGEM]
A FIFA e o universo que pratica futebol nos quatro cantos do planeta,
consideram como histórica a decisão do IFAB (THE INTERNATIONAL ASSOCIATION BOARD, ocorrida no último dia 5 de março - decisão que autorizou o
experimento do árbitro de vídeo (AV), como ferramenta auxiliar à arbitragem a
equacionar determinados lances que fujam do seu campo visual.
A partir de então, sob a supervisão do IFAB e da FIFA, a experiência que
vinha sendo testada na (KNVB), na Holanda, ganhou robustez, sobretudo, pelo projeto
apresentado pela CBF nas reuniões do IFAB, através do representante da
CONMEBOL, o brasileiro Manoel Serapião Filho, membro do Painel Técnico
Consultivo da instituição.
A CBF em função da participação decisiva perante o Painel Consultivo do
IFAB, em conjunto com um projeto de excelência elaborado por Manoel Serapião e
Sérgio Corrêa da Silva, foi uma das primeiras Associações filiada a FIFA, a
solicitar autorização para a efetivação dos testes.
Foi designado para coordenar o processo que vai proporcionar que as
decisões do árbitro sejam em consonância com as exigências do futebol que se
pratica no século 21, Sérgio Corrêa da Silva (foto abaixo), e ex-diretor da CA/CBF, personagem com Know-how inquestionável na área da arbitragem brasileira e, por extensão, Sul-americana.
Dado o sinal verde do IFAB, a CBF realizou testes “Offline” com sucesso
absoluto, seguido da MLS (EUA), Federação Portuguesa de Futebol, o Canadá e os
EUA que estão realizando testes nas competições da terceira divisão, e mais
recentemente a FIFA, no amistoso em Bari na Itália, entre Itália 1 x 3 França.
Trabalhando em tempo integral no dia a dia em cima do (AV) na sua sala
de trabalho, na sede da CBF e fora dela, Corrêa da Silva, mantém informado
diariamente o presidente Marco Polo Del Nero de todas as ações sobre o (AV).
Além disso, contata com dirigentes da CONMEBOL, com empresas e técnicos
versados na área da tecnologia, com IFAB, a FIFA e demais envolvidos direta ou
indiretamente na experiência do árbitro de vídeo.
Na entrevista por e-mail, Sérgio Corrêa, fala sobre a importância do
projeto do árbitro de vídeo e elenca diferentes situações sobre o assunto.
Confira a seguir:
Como
o sr. vê a decisão histórica do The IFAB do último dia 5 de março, que liberou
o experimento com o árbitro de vídeo (AV)?
A decisão FIFA e do IFAB ao aprovarem o experimento do Arbitro de Vídeo
(AV), traduz o encontro do futebol com a modernidade e a busca por resultados
dos jogos de forma legítima.
Qual foi a participação da CBF e do representante da CONMEBOL junto ao The IFAB, Manoel Serapião, na concretização dos testes do (AV)?
A participação da CBF é de análise das situações que podem ocorrer em
campo e da tecnologia a ser empregada. É bom destacar que tudo está em
desenvolvimento e em perfeita sintonia com a ideia da CBF - que foi a primeira
Associação Membro a solicitar autorização oficialmente, para fazer o
experimento e encaminhar um projeto minuciosamente detalhado ao IFAB sobre o
(AV).
[A CBF trabalha
ouvindo a todos e tem trabalhado muito em todos os setores e na arbitragem o
apoio tem ocorrido e se elevará. Vem ai a Central de Analise; uma nova
estrutura para a arbitragem; para formação, o aperfeiçoamento, plano de carreiras
e, principalmente, uma forte avaliação naqueles que observamos, os árbitros. Só
ficarão os comprometidos e profundos conhecedores do assunto. Uma nova página
está sendo formatada e o AV será um dos pilares para dar sustentação aos árbitros
humanos que se esforçam ao máximo para legitimar os resultados. O ano de 2017,
será o da transição... Estamos felizes, pois podemos colaborar com esta que
será a nova fase do setor... Quem viver verá!]
Qual
é o conteúdo do projeto da CBF enviado ao IFAB?
Os principais slogans da CBF foram incorporados. Manutenção do atual
sistema de arbitragem (com pequenos ajustes); mínima interferência e máximo
benefício; não paralisação do jogo; e, principalmente, com o objetivo de
corrigir erros claros e/ou equívocos. Neste último ponto, o que o protocolo do
IFAB diverge do projeto da CBF é a inclusão de lances de interpretação, que ao
ver da CBF, como já dito reiteradamente e de modo oficial á FIFA e ao IFAB,
talvez fira o último slogan: “da não paralisação do jogo”, at é por ser certo
que, mesmo utilizando o projeto para lances clarividentes/inequívocos”,
haverá um elevado impacto no futebol, tanto na partida em si, como na sua
cultura, de modo que seria extremamente prudente iniciar o experimento com o
estritamente necessário e, posteriormente, a depender dos efeitos produzidos,
agregar novos lances – step by step.
EUA, Brasil, Holanda, Portugal, Canadá e a FIFA no amistoso entre Itália 1 x 3 França, já realizaram vários testes "Offline" sobre o árbitro de vídeo. Já é possível fazer uma análise positiva dos resultados alcançados nos aludidos testes do (AV)?
EUA, Brasil, Holanda, Portugal, Canadá e a FIFA no amistoso entre Itália 1 x 3 França, já realizaram vários testes "Offline" sobre o árbitro de vídeo. Já é possível fazer uma análise positiva dos resultados alcançados nos aludidos testes do (AV)?
Sem dúvida que sim. A experiência tem sido positiva, sobretudo, para
consolidar, ainda mais, um outro projeto da CBF para o (AV): prudência na
análise do vídeo, ou seja, jamais decidir com base na primeira imagem. Sempre
vale a pena ver e rever o replay. O tempo que isso demanda é insignificante,
comparado ao objetivo final, decisão correta.
[O presidente da
Comissão de Arbitragem da Conmebol, Wilson Seneme tem acompanhado os trabalhos,
sendo este um tema de interesse da entidade Sul-Americana.]
O
The IFAB realizou alguns seminários sobre o árbitro de vídeo. Na sua
participação sobre o tema, qual foi a sua percepção da praticidade dessa
tecnologia como ferramenta auxiliar à arbitragem e dos demais participantes?
A CBF tem sido incisiva sobre a não inclusão de lances de interpretação
no projeto. Nos demais aspectos, todos nós atuamos igualmente, embora a CBF
também ainda resista a formalidade, talvez excessiva do protocolo, pois, a seu
ver, a matéria deveria ser dividida em dois pontos: aspectos puramente técnicos
e aspectos administrativos jurídicos, pois isso facilitaria as atuações dos
responsáveis pelo projeto. Um exemplo: líder Sérgio Corrêa – (aspectos
administrativos e financeiros) e instrutor de árbitros – Manoel Serapião
(aspectos técnicos da atuação do AV e do árbitro).
[O protocolo do IFAB inclui lances de
interpretação, o que deve criar problemas, exigindo que o jogo seja
interrompido com frequência. A reivindicação da CBF via Manoel Serapião e Sérgio Corrêa, é no
sentido de que o IFAB deve realizar dois experimentos: 1) Com lances de
interpretação e 2) sem tais lances. Este será mais fácil, eficiente e menos oneroso
economicamente, além de não quebrar a dinâmica do jogo, que é a chave do nosso
projeto.]
O
sr. é um cientista no que tange a arbitragem brasileira - e, por isso,
foi designado para coordenar um projeto de tamanha magnitude. Como estão os
preparativos para a execução de novos testes sobre o (AV) no Brasil?
Estamos adotando todas as medidas pertinentes a esta fase, inclusive
desenvolvendo estudos sobre equipamentos mais adequados etc.. A outra etapa diz
respeito ao treinamento dos operadores, árbitros e AV, bem como iremos realizar
uma campanha de esclarecimento do projeto, especialmente para não frustrar o
mundo do futebol. Pois, temos observados que todos imaginam que não teremos
mais equívocos de arbitragem. Não será assim. Não conseguiremos 100% de correção.
Tudo está sendo avaliado de maneira responsável e somente seguirá com absoluta
convicção de que o custo X benefício atenda a todos os pressupostos.
A
tecnologia do árbitro de vídeo segundo informações tem um custo econômico
elevado. Já há um valor aproximado de quanto a CBF irá gastar para
implementá-lo nos seus torneios?
Não vou entrar em detalhes sobre valores, porque diz respeito a outra
área. Se os lances de interpretação forem excluídos podemos atingir os
objetivos – aliás, esta é a grande tônica do nosso projeto: manter o futebol com dinamismo, sem paralisações a
qualquer dúvida...
O
projeto para treinamento dos árbitros e demais pessoas que irão desenvolver
diferentes tarefas sobre a tecnologia em tela, já está finalizado?
O projeto sim – já está em sua fase final. Por outro lado, um
contingente expressivo de árbitros do futebol brasileiro tem conhecimento do
assunto e, até, com certa profundidade. A CBF sempre que surge uma
oportunidade, expõe o fato, como tem ocorrido em todos os cursos, palestras e
seminários que realiza. Assim que tivermos o material pertinente ao AV,
iniciaremos o treinamento final.
O
The IFAB determinou que os testes do árbitro de vídeo devem ser realizados este
ano e no ano que vem. Se aprovado com 100% de eficácia, o sr. vê viabilidade da
sua implementação a partir de 2018?
Precisamos separar as coisas. Com efeito, o experimento ao ser feito
terá plena validade se houve lances de modo definitivo e irrecorrível nos
resultados dos jogos. A decisão sobre se o AV será incorporado definitivamente
a regra é outra coisa. Será o mesmo que vem ocorrendo com a denominada [tripla
punição] – é uma experiência, mas seus efeitos se produzem ser reversibilidade.
Achamos e esperamos que o AV seja um caminho sem volta, para o bem do futebol e
sua ética.
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