Em função da
matéria abaixo - [TRACI E
EQUIPE ESPANTARAM “A NUVEM NEGRA”], recebi as seguintes considerações
via e-mail e WhatsApp. Vamos a elas: é impossível o árbitro ter uma performance
melhor do que a que estamos observando porque, com raras exceções, todos os segmentos
do futebol brasileiro são profissionais e tiveram suas atividades
regulamentadas, menos o árbitro. Todos podem se dedicar exclusivamente ao seu
mister, sem se preocupar com outro tipo de trabalho.
Á arbitragem brasileira se ressente a cada temporada de árbitros com o dom, talento e a vocação de Salvio Spinola - Crédito: MHDB
Como não teve sua
atividade regulamentada até o momento, o árbitro desenvolve outros tipos de
labor para sua sobrevivência e seus dependentes. Como não teve seu trabalho
regulamentado, os homens de preto não possuem condições de se dedicar 100% ao
labor do apito – o que inclui estudar e revisar as Regras de Futebol
periodicamente, treinar e ter o acompanhamento de um preparador físico, de um
fisioterapeuta, de um nutricionista, de um ortopedista, de um psicólogo, requisitos
de fundamental importância para que, esse profissional preste um serviço de alto
nível ao futebol brasileiro. O que significa que, a maioria das críticas direcionadas
à arbitragem são injustas. Nada mais recebi, além do aqui escrito.
Contradito o que
recebi com os seguintes questionamentos e respostas: Sabem porque a maioria das
categorias que labutam no futebol (atletas e técnicos), alcançaram a
regulamentação das suas profissões? Porque se organizaram fora do campo de jogo
em sindicatos, e a seguir criaram as suas federações, entidades consideradas de
segundo grau no sindicalismo vigente no país. Já a arbitragem, ficou
circunscrita as associações tanto em âmbito regional como nacional. Associações
diz a lei, são entidades de recreação e lazer.
Lembro que, quando
teve a oportunidade impar de ter sua profissão regulamentada,
a categoria do apito e seus representantes sindicais, prevaricaram. O fato
ocorreu no período de 2002 a 2013, quando um grupo de pessoas comprometidas com
os interesses dos apitadores, elaborou um projeto que recebeu a rubrica de Projeto
nº6405/2002. Projeto que contemplava a
profissionalização e regulamentação do árbitro de futebol na essência – mas,
por falta de uma entidade com capilaridade jurídica e política, e de
participação efetiva dos árbitros, ficou vagando de gaveta em gaveta, de comissão em comissão durante onze
anos no Congresso Nacional, em Brasília.
O resultado da
falta de interesse da classe, acoplada a ausência de uma entidade reconhecida
pela (CLT) e a Constituição Brasileira, e sem representatividade política perante
o Congresso Nacional, em Brasília, desembocou na Lei Nº 12.867/2013, que reconheceu a
categoria do apito como profissional - mas não regulamentou sua atividade. Desde então, não há conhecimento de que alguma
medida objetiva, tenha sido levado adiante sobre a questão da regulamentação da
profissão dos homens de preto.
Além do desinteresse
na criação de sindicatos, o que lhe daria o aval necessário para criar a
Federação Brasileira dos Árbitros de Futebol, a arbitragem que sempre foi e é,
a parte mais nevrálgica do contexto do futebol, preocupou-se apenas em brigar
por escalas ao longo dos anos. Situação que inviabilizou qualquer tentativa de
reivindicar melhorias à classe.
Não conheço nenhuma
categoria trabalhista, que, se solidificou no cenário estadual ou nacional e atingiu
seus objetivos, sendo associação. Atletas e técnicos de futebol são exemplos
recentes. Bancários, comerciários, construção
civil, médicos, metalúrgicos, policiais civis e federais, se fortaleceram
primeiro na criação de sindicato e, posteriormente, na implementação da federação
e confederação das suas respectivas categorias. Será o árbitro de futebol,
inferior as diferentes classes de trabalhadores aqui nominadas? Tenho certeza
que não.
PS: Enquanto não
criar a federação, a arbitragem não terá substância jurídica e política para
pleitear o direito de arena, o direito de imagem, o fim do sorteio, a
regulamentação da sua profissão, a participação financeira nos diferentes
patrocínios que a CBF e as federações de futebol exploram e ganham milhões de
reais na vestimenta dos árbitros, cursos de capacitação continuada ou qualquer outra
reivindicação.
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