Edgard Alves/Folha de São Paulo/Esportes
Nenhum árbitro brasileiro foi indicado para a Olimpíada, sinal de desprestígio político no futebol
Antes mesmo de a bola rolar nos gramados ingleses, em julho, na
Olimpíada, o futebol brasileiro, que busca o ouro inédito na história
daquele evento, já tem uma derrota registrada. Isto porque não teve
nenhum árbitro indicado para atuar na competição, um revés para a
cartolagem nacional, sinal de desprestígio político com o comando das
entidades que controlam o futebol mundial.
No caso, a indicação dos juízes do quadro nacional seria atribuição da
Conmebol, a confederação sul-americana. Aliás, a arbitragem brasileira
já vinha sendo esquecida pela Fifa, como no Mundial sub-17 do ano
passado.
Os escândalos de corrupção envolvendo nomes como João Havelange e
Ricardo Teixeira parecem arranhar a fama do futebol nacional, diminuindo
a sua força, apesar de o Brasil ser o promotor da Copa das
Confederações, no ano que vem, e, logo a seguir, da Copa do Mundo. Nada
disso serviu de respaldo à CBF para que algum brasileiro fosse incluído
na lista.
Para piorar a cena, a Fifa anunciou que a convocação dos juízes do
torneio masculino representa um primeiro passo rumo à Copa-2014. Assim
como as seleções olímpicas, o setor do apito reduziu a média de idade
dos árbitros do torneio masculino para 36 anos, bem abaixo da Copa da
África do Sul, 39,5.
O suíço Massimo Busacca, diretor de arbitragem da federação, comparou a
elaboração da lista com a posição de um treinador ao montar uma seleção,
sempre em busca dos melhores, e, no caso, a entidade seria esse
treinador. A relação contém 84 profissionais de 36 países. Para o
torneio masculino, são 16 árbitros e 32 auxiliares, com contemplados da
Conmebol representando Bolívia, Venezuela e Colômbia. No feminino, serão
12 árbitros e 24 auxiliares, com nomes da Argentina e Uruguai.
Arnaldo Cézar Coelho, ex-árbitro e hoje comentarista de TV, estranhou a
não inclusão de brasileiros. Dois anos após sua primeira Olimpíada, em
Montréal-1976, Arnaldo debutou na Copa, na Argentina, e, em 1982,
dirigiu a decisão do Mundial: Itália 3 x 1 Alemanha.
Quando o assunto é arbitragem, fica claro que a Fifa, no momento, não
reconhece que há árbitros brasileiros de alto nível ou, então, a
entidade pouco se importa com o Brasil, que está sem forças, sem
prestígio e sem argumento para qualquer reivindicação.
Mais ou menos como, por outros motivos, o seu presunçoso
secretário-geral, Jérôme Valcke, se sentiu à vontade para dizer que o
Brasil precisa de um chute no traseiro.
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