O Manual do Assessor da CBF estipula que a pessoa que for designada
para desempenhar esta função, tem como atividade precípua verificar o
resultado da atuação dos componentes da arbitragem no exercício das suas
funções nas competições da entidade. Este personagem instituído no
futebol brasileiro há pouco mais de cinco anos, lamentavelmente desde a
sua implementação veio recheado de vícios, conluios, compadrios, a
exemplo do que ocorre nos diversificados segmentos sociais deste país.
Explico: a Fifa determina que esta importantíssima missão seja praticada
por ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras do Jogo de
Futebol, objetivando a tão sonhada padronização e, por extensão, o
aprimoramento do árbitro de futebol em amplitude mundial.
Em que pese a CBF ter conhecimento da determinação da entidade que
controla o futebol no planeta e o ex-presidente Ricardo Teixeira ter
ocupado por longo período, a vice-presidência do Comitê de Árbitros da
Fifa, Teixeira delegou aos presidentes das federações estaduais a
prerrogativa de indicar as pessoas para desempenhar tão importante
missão e aí coisa descambou geral. Um exemplo característico do
descalabro que se transformou o personagem assessor de arbitragem no
Brasil, ocorreu e ainda ocorre na Federação Paranaense de Futebol, onde
alguns dos indicados para atuarem nesta atividade nunca apitaram sequer
uma partida de futebol de final de rua de conjunto habitacional. Mas o
futebol paranaense não está sozinho nesta empreitada negativa que
empobrece a qualidade do árbitro brasileiro. Tenho recebido informações
de diferentes regiões do país de que esta prática nefasta aos
interesses da arbitragem nacional, está disseminada de várias maneiras e
há casos em que o indicado pelo presidente da federação é
semianalfabeto na língua portuguesa e, por consequência, nas leis que
regem o futebol dentro do retângulo verde.
Mas os absurdos em relação ao assessor de arbitragem não param aí.
Preste atenção ao que você vai ler a seguir e entenda um dos motivos
pelos quais a arbitragem brasileira não teve nenhum árbitro relacionado
para as Olimpíadas de Londres, como também o porquê de a qualidade dos
homens de preto no futebol brasileiro andar a passos de cágado. Há mais
ou menos quinze dias nas dependências do hotel Itamarati , em Curitiba,
foi realizada a prova teórica (com questões sobre as Regras do Jogo de
Futebol, português e espanhol, Estatuto do Torcedor, Manual do
Observador,etc... ) - para os assessores de arbitragem designados pela
Federação Paranaense de Futebol, que irão relatar de forma fidedigna
quando escalados nos jogos da equipes paranaenses, se o árbitro, seus
assistentes e o quarto árbitro interpretaram, aplicaram as leis do jogo
dentro do seu espírito e se as tomadas de decisões da arbitragem foram
realizadas em consonância com o texto preconizado nas regras.
Mas o que me chamou a atenção é que o teste em tela foi aplicado pelo
gerente da Federação Paranaense de Futebol, senhor Luiz Antonio Gusso,
cidadão que pelo que sei nunca teve a mínima ligação com a arbitragem,
nunca vivenciou uma única situação do árbitro no campo de jogo, não é
exímio conhecedor das Regras do Jogo de Futebol. De tudo o que se expôs
acima, tem-se como certo que a FPF e a CBF no que se refere ao
aprimoramento dos assessores de árbitros, estão agindo em descompasso
com as determinações da Fifa. Pretende-se com essas pessoas
(assessores) - aprimorar a interpretação das regras do futebol e sendo
assim, só um especialista poderia exercer a função. Aqui,
lamentavelmente um leigo foi convocado para a difícil missão e, além do
exposto, deveria se declarar impedido por um motivo simples: é gerente
da FPF e os assessores da entidade queiram ou não, são vinculados a
Federação Paranaense de Futebol, o que coloca sob suspeita a lisura e
transparência do teste. Já que o aludido teste é da Confederação
Brasileira de Futebol, por que não enviar instrutores de arbitragem
devidamente qualificados para aplicar o teste? Já imaginaram se essa
prática for esgarçada pelo país afora o que poderá acontecer? Da forma
como as coisas estão acontecendo, em 2014 a arbitragem brasileira vai
ficar a margem do processo.
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