sexta-feira, 1 de junho de 2012

Professor leigo ensina os assessores

O Manual do Assessor da CBF estipula que a pessoa que for designada para desempenhar esta função, tem como atividade precípua verificar o resultado da atuação dos componentes da arbitragem no exercício das suas funções nas competições da entidade. Este personagem instituído no futebol brasileiro há pouco mais de cinco anos, lamentavelmente desde a sua implementação veio recheado de vícios, conluios, compadrios, a exemplo do que ocorre nos diversificados segmentos sociais deste país. Explico: a Fifa determina que esta importantíssima missão seja praticada por ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras do Jogo de Futebol, objetivando a tão sonhada padronização e, por extensão, o aprimoramento do árbitro de futebol em amplitude mundial.
Em que pese a CBF ter conhecimento da determinação da entidade que controla o futebol no planeta e o ex-presidente Ricardo Teixeira ter ocupado por longo período, a vice-presidência do Comitê de Árbitros da Fifa, Teixeira delegou aos presidentes das federações estaduais a prerrogativa de indicar as pessoas para desempenhar tão importante missão e aí coisa descambou geral. Um exemplo característico do descalabro que se transformou o personagem assessor de arbitragem no Brasil, ocorreu e ainda ocorre na Federação Paranaense de Futebol, onde alguns dos indicados para atuarem nesta atividade nunca apitaram sequer uma partida de futebol de final de rua de conjunto habitacional. Mas o futebol paranaense não está sozinho nesta empreitada negativa que empobrece a qualidade do árbitro brasileiro. Tenho recebido informações de diferentes regiões do país de que esta prática nefasta aos interesses da arbitragem nacional, está disseminada de várias maneiras e há casos em que o indicado pelo presidente da federação é semianalfabeto na língua portuguesa e, por consequência, nas leis que regem o futebol dentro do retângulo verde.
Mas os absurdos em relação ao assessor de arbitragem não param aí. Preste atenção ao que você vai ler a seguir e entenda um dos motivos pelos quais a arbitragem brasileira não teve nenhum árbitro relacionado para as Olimpíadas de Londres, como também o porquê de a qualidade dos homens de preto no futebol brasileiro andar a passos de cágado. Há mais ou menos quinze dias nas dependências do hotel Itamarati , em Curitiba, foi realizada a prova teórica (com questões sobre as Regras do Jogo de Futebol, português e espanhol, Estatuto do Torcedor, Manual do Observador,etc... ) - para os assessores de arbitragem designados pela Federação Paranaense de Futebol, que irão relatar de forma fidedigna quando escalados nos jogos da equipes paranaenses, se o árbitro, seus assistentes e o quarto árbitro interpretaram, aplicaram as leis do jogo dentro do seu espírito e se as tomadas de decisões da arbitragem foram realizadas em consonância com o texto preconizado nas regras.
Mas o que me chamou a atenção é que o teste em tela foi aplicado pelo gerente da Federação Paranaense de Futebol, senhor Luiz Antonio Gusso, cidadão que pelo que sei nunca teve a mínima ligação com a arbitragem, nunca vivenciou uma única situação do árbitro no campo de jogo, não é exímio conhecedor das Regras do Jogo de Futebol. De tudo o que se expôs acima, tem-se como certo que a FPF e a CBF no que se refere ao aprimoramento dos assessores de árbitros, estão agindo em descompasso com as determinações da Fifa. Pretende-se com essas pessoas (assessores) - aprimorar a interpretação das regras do futebol e sendo assim, só um especialista poderia exercer a função. Aqui, lamentavelmente um leigo foi convocado para a difícil missão e, além do exposto, deveria se declarar impedido por um motivo simples: é gerente da FPF e os assessores da entidade queiram ou não, são vinculados a Federação Paranaense de Futebol, o que coloca sob suspeita a lisura e transparência do teste. Já que o aludido teste é da Confederação Brasileira de Futebol, por que não enviar instrutores de arbitragem devidamente qualificados para aplicar o teste? Já imaginaram se essa prática for esgarçada pelo país afora o que poderá acontecer? Da forma como as coisas estão acontecendo, em 2014 a arbitragem brasileira vai ficar a margem do processo.

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