Para Marco Aurelio Martins críticas mascaram falhas em um Campeonato Brasileiro recheado de "veteranos".
Foto: Anaf
A arbitragem passa por um processo de
renovação brusco, mas tem talento. A enxurrada de críticas é, na
verdade, uma desculpa de dirigentes e jogadores para as falhas em um
Campeonato Brasileiro recheado de veteranos. Essa é a opinião de Marco
Antônio Martins, presidente da Anaf (Associação Nacional de Árbitros de
Futebol). “O Brasileiro é de 38 rodadas. Os clubes perdem,
perdem, perdem e dizem que foi aquele jogo que determinou um
rebaixamento. Não falam que o campeonato brasileiro é de veteranos. São
praticamente ex-jogadores que estão aí. Jogam com uma qualidade técnica
muito baixa e põem tudo isso na conta da arbitragem. É um momento
difícil em que, para justificar a incompetência, alguns dirigentes usam a
arbitragem”, disse o representante de classe.
A arbitragem foi um dos temas centrais da rodada do
fim de semana do Campeonato Brasileiro. No sábado, Leandro Pedro Vuaden
atrasou o início do jogo entre Náutico e
Atlético-GO em 16 minutos até a retirada de uma faixa na arquibancada
dos Aflitos que dizia “Não irão nos derrubar no apito”, alegando que a
mensagem era ofensiva.
“A interpretação dele na hora foi essa. O árbitro tem
plena de liberdade, está coberto pela legislação. O que o Vuaden fez
foi simplesmente cumprir a legislação vigente. Não pode ter faixas
ofensivas, de racismo. Eu acho que a faixa tem um cunho de pressão em
cima dos árbitros”, disse Martins.
Em Porto Alegre, o problema foi com Neymar. O atacante do Santos foi fortemente marcado, sofreu faltas duras e, depois de uma
sequência de choques com rivais, reclamou com o árbitro Nielson Nogueira
Dias e recebeu o amarelo. Minutos depois, ele foi expulso de forma
direta por um pisão em Pará, lateral do Grêmio.
“O árbitro tem de se impor. Se ele passa [do limite]
em algum momento é do jogo. O Nielson não é autoritário. Naquele momento
do jogo ele viu a necessidade de dar o cartão. É a primeira vez que
acontece com o Neymar? É recorrente, porque ele é jovem e a pressão em
cima dele está muito grande”, disse Martins, que não acha que a
arbitragem brasileira vive um mau momento.
“A arbitragem, como o futebol brasileiro,
está em um momento de transição. Tivemos grandes árbitros que pararam.
Foi uma renovação forçada e buscaram novos talentos. Quando você renova um time de futebol ele não apresenta o
resultado naquele momento. É que é da cultura do povo brasileiro culpar a
arbitragem. A orientação é que tenham a postura firme e mantenham a
disciplina dentro do jogo. Ele [Nielson] pode ter exagerado, mas tem de
manter a disciplina. Árbitro de futebol é uma profissão em extinção. Ou
colocam a tecnologia a nosso favor, ou é uma profissão em extinção”,
completou.
Foto: UOL (Reportagem de Gustavo Franceschini) / Safergs
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