ENTREVISTA
“AS AÇÕES
INTOLERANTES DE HELIO CURY APEQUENARAM O FUTEBOL DO PARANÁ”
Ao
assumir a presidência da (FPF) Federação Paranaense de Futebol em 2007,
respaldado numa decisão judicial - Helio Pereira Cury trouxe consigo um dos
mais renomados juristas do Paraná, o advogado Juliano França Tetto (foto). O causídico
em tela foi o responsável pela ação judicial junto ao Tribunal de
Justiça/PR, que alçou Cury ao trono do futebol da terra das araucárias, e
é considerado o principal artífice das
principais mudanças ocorridas na casa Gêneris Calvo nos últimos anos.
Acrescente-se
ao curriculum de França Tetto, o comando do processo da eleição que posteriormente levou o atual presidente a mais
um mandato à frente dos destinos do nosso futebol.
Inconformado
com a escalada interminável de autoritarismo, de personalismo e egocentrismo de
Hélio Cury contra vários dirigentes que
apresentaram projetos que melhorariam o futebol do Paraná, como Eliseu
Siebert (in memoriam), Nelson Ugolini, Leonides Dreveck, Luciano Rossi e
Genivaldo dos
Santos - que lutaram no front para Cury assumir o poder na (FPF), França
Tetto,
ao vê-los pedir demissão, entendeu que era momento de sair e procurar
novos
rumos.
Nesta
entrevista concedida entre ligações telefônicas no seu concorrido escritório de
advogacia, Juliano Tetto fala dos motivos que o levaram a romper com Cury, e
porque decidiu atender aos pedidos dos clubes profissionais, amadores e ligas
do Paraná - e concorrer ao pleito da Federação Paranaense de Futebol, que
acontecerá no mês de abril do ano em curso.
Paranaonline – O sr. foi um dos principais mentores da chegada de Helio Cury à
presidência da (FPF). Porque rompeu com ele?
Juliano
França Tetto – Quando chegamos na (FPF) a exemplo dos demais diretores,
apresentamos ao Helio Cury ideias, sugestões e projetos para alavancar o
futebol do Paraná. Lamentavelmente, o presidente não executou e nos impediu de
executar ações que iriam mudar o perfil do futebol paranaense.
Paranaonline – Poderia citar os projetos ou ideias apresentadas pelos dirigente que
Cury impediu o seu avanço?
França
Tetto – Escola de esportes, futebol paraolímpico, incentivo ao futebol feminino. Ainda o desenvolvimento das ligas
amadoras com o intuito de fortalecê-las, já que elas estavam em estado de
abandono e, por consequência, fortalecer o próprio futebol do interior do
Estado. O atual presidente boicotou totalmente o projeto. Inconformado, Leonides Dreveck
pediu demissão. Quero dizer que esse tipo de comportamento é inadequado para um
gestor e vai contra os interesses do futebol.
Paranaonline – Além do exposto acima, o que motivou o sr. a ser candidato no pleito
de abril?
França
Tetto – Vivenciei o potencial do futebol paranaense durante muitos anos e
observei a apatia, o descaso, a ausência de planejamento e como as coisas eram tratadas
na FPF. Além disso, fui convidado a ser candidato dada a minha atividade
profissional de advogado e o conhecimento macro que tenho sobre o futebol, e por isto estou
colocando nosso nome como alternativa na próxima eleição, e também atendendo os pedidos de clubes profissionais, amadores
e ligas.
Paranaonline – A (FPF) num passado recente teve 120 ligas amadoras e como resultado o
futebol do interior era competitivo. Atualmente, conta com apenas seis ligas.
Como reverter esse quadro?
França
Tetto – Uma das primeiras medidas que pretendo tomar assim que tomar posse -
será convidar os prefeitos, os secretários municipais de esporte, o secretário
estadual de esporte do Paraná, Douglas Fabrício, formar uma comissão e irmos à
Brasília viabilizar recursos junto ao Ministério do Esporte - e a seguir,
designar pessoas capacitadas para implementar um projeto de excelência do futebol em todo o
interior do Paraná.
Paranaonline – O futebol amador do Paraná sempre foi considerado modelo na modalidade do País. A 1ª, 2ª, 3ª
divisão de amadores, o Torneio dos Campeões que foi extinto, a Taça Paraná que
chegou a ser disputada por (118) equipes nos próximos dias terá apenas (8) times este ano.
Qual é o seu projeto para o amador?
França
Tetto – Vamos nos reunir com o amador e desenvolver com o Marketing da (FPF) um estudo que contemple o
amadorismo na sua plenitude. Após a finalização desse estudo, viabilizar
mecanismos como: Placas de publicidade para os estádios, contatar com os
fabricantes de material esportivo, mostrar a grandeza e a função social que
desempenham os clubes do amador, objetivando que essas empresas vistam os
atletas amadores e buscar no mercado
patrocínio para os uniformes dos atletas.
Paranaonline – O futebol amador de Curitiba almeja há muito tempo dois estádios como
alternativa aos clubes que não tem onde jogar, ou para quando surgirem
obstáculos terem uma opção. Na sua opinião a solicitação é viável?
França
Tetto – A ideia é auspiciosa. Vamos contatar com a Prefeitura Municipal de
Curitiba, objetivando o espaço físico e buscar parcerias com a CBF e o
empresariado para a consolidação desse
projeto ao futebol amador. Precisamos reduzir e depois acabar com as taxas cobradas dos clubes amadores.
Paranaonline – Os campeonatos estaduais vem definhando ano após anos, inclusive o nosso, idem a 2ª
divisão de profissionais, o Sub-20 e demais competições. Qual é a sua
plataforma para recuperar o terreno perdido?
França
Tetto – Tem que haver uma mudança de comportamento, na metodologia e na
valorização das competições da (FPF) em todos os níveis, inclusive, no tempo de
duração. Hoje, encerrado o Campeonato Paranaense as equipes do interior não
têm calendário. Vamos contratar um diretor de marketing de alto nível, reunir
os filiados que disputam os torneios da (FPF) – criar opções dentro do
calendário da federação e de acordo com a dimensão de cada disputa, buscar
patrocínios que propiciem meios de manutenção aos nossos filiados, com um calendário mais extenso.
Paranaonline - Há dois anos atrás a (FPF) tinha dois árbitros e um assistente no
quadro da Fifa. Recuperamos a de assistente em 2014. Hoje, em que pese termos
um contingente expressivo de árbitros não temos sequer um árbitro Asp/Fifa.
Como mudar esse quadro de penúria que assola a arbitragem do Paraná?
França
Tetto – Implementando uma comissão de arbitragem com nomes de excelência,
robustecendo a escola de formação de árbitros com pessoas capacitadas, e realizando
cursos de requalificação durante o ano todo. Temos árbitros e assistentes
extraordinários na (FPF), que devidamente preparados podem dirigir nossas
competições e brilhar na CBF. Falta motivá-los e requalificá-los.
Paranaonline
– O futebol do Estado do Paraná foi contrário a ascensão de José Maria
Marin na CBF e, posteriormente, votou nulo na eleição de Marco Polo Del Nero,
que assume o comando do futebol brasileiro no próximo dia 16 de abril. Isto não
enfraqueceu o nosso futebol?
França Tetto – Este comportamento
não só enfraqueceu como “apequenou” o futebol do Paraná perante a CBF. Não se
pode brigar o tempo todo com o governo do Estado do Paraná, CBF e filiados. O
norte a ser seguido é o diálogo. É assim que desejo dirigir a (FPF) e
substanciar nossas equipes para voltarem a conquistar títulos nacionais.
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