terça-feira, 12 de maio de 2015

Mal pagos, malformados e explorados

Os árbitros do futebol brasileiro estão pleiteando o direito de imagem perante o Congresso Nacional. Na semana que passou, a (Anaf) Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, apresentou a reivindicação à Comissão Mista de (deputados e senadores), que estão analisando a medida provisória 671/2015), que versa sobre o refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol.

O deslocamento de Marco Antonio Martins presidente da Anaf ao Distrito Federal, para tratar do tema foi oportuno. Principalmente, dada a importância da personagem do apito no contexto de uma partida - já que sem a presença do árbitro e dos assistentes, um prélio de futebol não pode ser efetivado de acordo com a Fifa.

Além disso, o International Board especifica na Regra (V) que, cabe exclusivamente ao árbitro e a mais ninguém, assim que a bola rola na relva, interpretar e aplicar as Regras de Futebol.

Todas as instituições e pessoas envolvidas no universo do futebol no Brasil são muito bem remuneradas, enquanto aquele que tem a missão específica de tomar decisões corretas em frações de segundos, o árbitro, recebe proventos incompatíveis com as suas funções.
  Além da  logomarca da pênalti e da SKY, a Semp Toshiba também está na indumentária dos árbitros do Brasileirão.
A CBF recebe quantias expressivas anualmente em dólares da Fifa e da Conmebol, pela participação nas suas competições. Das TVs, dos contratos que celebra com multinacionais de bebidas, de material esportivo, das placas de publicidades alocadas nos estádios onde são realizados seus torneios, das rendas dos jogos e do governo federal.

Além da estratosférica arrecadação que obtém com os contratos acima mencionados, a CBF vem impingindo há vários anos aos árbitros da (Renaf) Relação Nacional de Árbitros de Futebol, que atuam nos seus campeonatos, a propaganda de duas logomarcas, de duas multinacionais nas mangas das camisas, meias e bermudas.

Neste 2015, a entidade mater do futebol brasileiro ampliou sua sanha financeira. Desde a abertura da Série B na sexta-feira e da A no domingo, árbitros, assistentes e o quarto árbitro estão anunciando nas costas da camisa o terceiro patrocínio de uma multinacional. Esse fato transforma os apitos e bandeiras do Campeonato Brasileiro, em verdadeiros garotos – propaganda sem receber um único centavo.

O resultado disso é refletido nos recordes de lucro ano após ano que a entidade  tem anunciado a cada temporada

As federações de futebol recebem verbas substanciosas da própria CBF a cada ano e de outros segmentos. Além de terem a prerrogativa de celebrarem contratos publicitários e exibi-los nos campeonatos sob sua circunscrição. Cobram porcentagem de 10% dos jogos dos campeonatos estaduais e 11% de todas as partidas do Campeonato Brasileiro, envolvendo as equipes do seu estado. Faturam muito!

Os clubes abocanham verbas expressivas da TV, celebram contratos estratosféricos com fabricantes de material esportivo que vestem seus atletas, estampam publicidade a granel nas meias, calções e camisas dos jogadores, exibem placas de publicidades postadas nos seus estádios, incluindo a propaganda de (bebidas, artigos esportivos, seguradoras, etc..) e outras prebendas e sinecuras que nós simples mortais desconhecemos.

Cartolas, atletas, managers, preparadores físicos e técnicos de futebol, são contemplados com salários condizentes, direito de arena, FGTS, luvas, férias, aviso prévio e se sofrerem qualquer problema de saúde estão respaldados pelo INSS. 

E o árbitro que decide num trilar ou não do apito o destino de um prélio ou de uma competição? É mal formado, mal preparado, mal pago, sem requalificação e não tem os direitos acima nominados.

Além disso, embora a promulgação da Lei Nº 12867 de 2013 tenha reconhecido a atividade do homem de preto como profissional, os dirigentes da CBF, das federações e dos clubes na maioria das vezes tratam e utilizam o árbitro como mercadoria de troca entre a cartolagem das federações, da CBF e das equipes.

Diante do que se leu neste articulado e das precárias condições que lhe são oferecidas, é impossível o árbitro tomar decisões em consonância com o preceituado nas regras e ter isenção completa, quer atuando nas federações ou na CBF. 

PS: A CBF solicitou dias atrás aos atletas, dirigentes e àqueles que gravitam  no futebol pentacampeão do planeta, respeito para com a arbitragem. A  entidade deveria ser a primeira a dar o exemplo: Tornar público aos árbitros da (Renaf), os valores dos contratos e o tempo de duração das logomarcas que estão sendo exibidas na indumentária dos mesmos, e estipular um percentual adequado à todos que fazem a função de garoto propaganda gratuitamente das três multinacionais. Pois, se persistir a situação vigente, corre-se o risco de vermos o profissional do apito labutar em condições análogas a de escravos.        

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