A comissão de arbitragem da CBF está preocupada com absolvições de
jogadores, técnicos e dirigentes em julgamentos do STJD (Superior
Tribunal de Justiça Desportiva) por, na visão do departamento, culpa dos
árbitros.
Em comunicado enviado aos juízes em 22 de maio, a CBF dá orientações de
como preencher corretamente os documentos da partida, ou seja, as
súmulas e relatórios. Tudo para evitar que textos mal redigidos permitam
"absolvição a infratores" em decisões do tribunal, segundo o documento
da entidade.
Na orientação, assinada pelo presidente da comissão de arbitragem da
CBF, Sérgio Corrêa, é pedido ao árbitro que seja "CURTO, GROSSO E
OBJETIVO" (assim mesmo em caixa alta) no relato dos acontecimentos para
evitar "portas abertas" em interpretações que possibilitem a absolvição
dos infratores. Procurado, Corrêa não foi encontrado pela Folha para comentar o assunto.
Para a CBF há juízes que fazem relatos "poéticos e floridos", o que gera
depois um inconformismo do departamento com decisões proferidas pelos
tribunais.
Ricardo Nogueira - 26.abr.2015/Folhapress

Jogadores de Palmeiras e Santos protestam contra arbitragem de Vinicius Furlan
COMO FAZER
Para facilitar a vida dos árbitros, em anexo ao comunicado, a CBF enviou
modelos de preenchimento da súmula em situações que, caso não seja
redigida com clareza, possa resultar em abrandamento de pena.
O principal exemplo é de um assunto que veio à tona com mais força recentemente no Brasil, depois que o goleiro Aranha, então no Santos, parou uma partida para relatar insultos racistas, em agosto do ano passado, na Arena do Grêmio.
No texto modelo, em 11 linhas, a CBF orienta o árbitro como relatar
corretamente um caso de injúria racial. Em um dos trechos, mostra que é
fundamental colocar que foi pedido policiamento para o local do suposto
xingamento, e deixar claro se a equipe de arbitragem ouviu ou não as
injúrias.
No documento enviado aos árbitros, mais de uma vez a CBF informa que
erros no preenchimento dos relatórios podem render punição à equipe de
arbitragem pelo STJD.
Nos modelos também há exemplos de casos em que jogadores, membros de
comissão técnica ou dirigentes usam xingamentos contra a arbitragem – na
avaliação da comissão, são nestes casos que o mau preenchimento dos
documentos acarreta em brechas para as defesas conseguirem uma
absolvição.
Num do exemplos, a CBF informa que o relato tem que ser escrito da
seguinte maneira: "Expulso por haver, após a marcação de uma falta ou
pênalti contra sua equipe, partido em minha direção dizendo as seguintes
palavras: 'ladrão, safado, viado, filho da p...', após haver me dito
estas palavras, ele atingiu-me com um soco".
"Concordo que quanto melhor redigida [a súmula] facilitará o nosso
trabalho na elaboração das denúncias", disse o procurador-geral do STJD,
Paulo Schmitt, à Folha. Mas ele fez uma ressalva.
"Na maioria das vezes isso [má interpretação] ocorre em primeira
instância e por preciosismo de alguns julgadores", disse Schmitt.
Ele deu exemplo do relato na súmula de expulsão do cruzeirense Willians, na partida contra o Figueirense,
dia 31 de maio, pelo Brasileiro. Do banco de reservas, segundo relato
do árbitro Elmo Alves Resende Cunha, Willians teria o xingado de "filho
da p... e ladrão".
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