sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Se não mudar, vai continuar dando "Chabu"

A Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), os sete sindicatos que possuem a Certidão de Registro Sindical e associações de árbitros, reúnem-se a partir desta sexta (11 à 13 domingo), em (Belo Horizonte (MG). O encontro das entidades de classe dos homens do apito, acontece as vésperas da Lei Nº 12.867/2013 completar dois anos. Lei que regulou a atividade do árbitro de futebol no Brasil, reconhecendo-a como profissional.
 
O árbitro do futebol brasileiro é “profissional”, mas a maioria das entidades de classe após dois anos não evoluiu - tanto é que apenas sete sindicatos possuem a Carta Sindical, e mesmo assim, apenas três estão com a documentação em dia perante o ministério do Trabalho e Emprego.
 
Ao invés de buscarem alternativas para se transformarem em sindicato, que é quem tem legitimidade para pleitear junto aos órgãos competentes os benefícios que a legislação faculta à categoria do apito, muitos estão “agarrados” as associações tal qual um “náufrago” em alto mar.
 
O árbitro é “profissional”, mas a lei aprovada o impediu de ter vínculo com as federações de futebol e a CBF, não é contemplado com o registro em carteira, ao FGTS, ao 13ª salário, férias, PIS etc....

Além do exposto, o árbitro que labora no País do futebol é explorado comercialmente de forma sistêmica pelas federações de futebol e a CBF – em algumas federações, o uniforme da arbitragem foi transformado num verdadeiro “pinheirinho” - tamanha a quantidade de publicidade que ostentam. Não obstante o motivado, embora seja “profissional”, há federações que exigem o pagamento de uma taxa de inscrição anual para os homens de preto apitar. Se não pagar não é escalado.
 
Na CBF, os integrantes da Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf), denominados de “profissionais”, são explorados há mais de uma década com diferentes logomarcas de multinacionais nas mangas das camisas – recentemente uma nova propaganda de uma multinacional foi alocada nas costas da indumentária da arbitragem, sendo esta última proibida pela Fifa.
A CBF vêm explorando sistematicamente a logomarca de duas multinacionais na indumentária dos  homens do apito que laboram nas suas competições, sem dar nenhuma contrapartida à arbitragem com a omissão e conivência das associações e sindicatos.
 
Em que pese serem chamados de “profissionais”, os apitos e assistentes, nunca receberam e não recebem um único centavo de participação nos lucros estratosféricos que a CBF obtém às custas dos mesmos.

No que tange a publicidade nas mangas das camisas, a Fifa liberou e determinou há mais de dez anos que, os valores obtidos com aquele patrocínio sejam revertidos em benefício exclusivo dos juízes e bandeiras. No futebol brasileiro, com a omissão e conivência das entidades de classe dos homens de preto, até a presente data, não há notícia de que alguma vez tenha sido formalizado oficialmente junto a CBF ou via judicial, informações no sentido de saber a recusa da CBF em cumprir a determinação da Fifa.

Num esporte que movimenta milhões de dólares e todos ganham bem - o “profissional” do apito não tem direito de arena ou de imagem. Aliás, pela formatação equivocada da assessoria jurídica da Anaf, (o veto da presidente explicitou isto publicamente, ou seja, inconsistência jurídica) – o artigo que pleiteava tal benefício à arbitragem, embutido na Medida provisória 671/2015, foi vetado.

Ao acontecido com o veto em tela, acrescente-se as seguintes situações: a articulação planejada dos clubes com a bancada da bola em Brasília, e o semiamadorismo dos líderes classistas e seu articulador político, neófito de primeiro mandato, que foram inábeis na condução do processo no Distrito Federal.

O árbitro do País pentacampeão é “profissional”, mas teve negado pela CBF uma ferramenta extraordinária para auxiliá-lo a dirimir lances na linha do gol - a Tecnologia na Linha da meta (TLG) - após a Copa do Mundo no Brasil, a GoalControl fez a doação gratuita de todo o equipamento utilizado no Mundial à CBF. Bastava fazer a manutenção - porém, a CBF alegou que os custos eram elevados e a empresa alemã levou os equipamentos embora. Quando isto aconteceu nenhuma entidade de classe se manifestou em defesa dos homens que manejam o apito.

Além de negar a (TGL) à arbitragem, a CBF numa demonstração inequívoca de atraso e de que não deseja a melhora nas tomadas de decisões da arbitragem nas suas competições, num primeiro momento, implementou os Árbitros Assistentes Adicionais (AAA), mas limitou seu raio de ação em desconformidade ao prescrito nas págs (120 à 122 do livro Regras de Futebol 2014/2015) – posteriormente, utilizando do mesmo álibi que utilizou na (TLG), extinguiu os (AAA).

Anaf, associações e sindicatos não emitiram uma única palavra em defesa dos seus associados, que perderam mais uma excelente ferramenta para melhor dirigirem os jogos. Além disso, a atitude da CBF que gerava emprego e renda aos apitadores, passou a proporcionar perda de receita e desemprego.

Diante de tudo o que se leu, se existir um mínimo de bom senso entre os sete sindicatos e demais associações de árbitros do futebol brasileiro, a reunião de Belo Horizonte deve servir para uma profunda reflexão dos equívocos cometidos, e, sobretudo, elaborar uma pauta de reivindicações objetivas à confraria do apito brasileiro a partir de 2016.



PS: O ano em curso está em vias de terminar e não há clima em Brasília e nem tempo suficiente para se reivindicar algo em benefício da arbitragem. Afirmar o oposto, é um tremendo embuste. À Anaf deixo a sugestão de que reverbere suas posições e busque um assessor jurídico de primeira linha e, por extensão, a interlocução política junto a Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Pois do contrário, os pleitos dos homens de preto continuarão dando “CHABU”, e a Anaf ficará estigmatizada com a “pecha” da incompetência.

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