Este movimento da arbitragem no Brasileirão/2015 teve "efeito traque"
A
epígrafe que dá titulo à este articulado deve ser refletido com profundo equilíbrio
pela confraria dos homens de preto do futebol brasileiro neste início de ano.
Faço a afirmação em tela porque, caso a categoria mantenha o mesmo “modus
operandi” do ano passado, restará à ela repetir este ano o que tem feito ao
longo das últimas temporadas, ou seja, continuar “guerreando” tal qual um
“náufrago” em alto mar por uma viagem nas aeronaves da gol e algumas escalas
aqui, ali e acolá.
Enquanto
a TV, os atletas, os cartolas da CBF e das federações, os clubes, os
anunciantes das grandes empresas, os preparadores físicos, os técnicos se
profissionalizaram e são reconhecidos como tal. Além do motivado, ano após ano
os referidos personagens vêm multiplicando seus ganhos financeiros e ocupam a
primeira classe do vagão que gere o nosso futebol - já a arbitragem parou no tempo e está na
última classe desse vagão.
Além
de ocupar a última classe do vagão, o árbitro ao menor equívoco que comete na
interpretação e aplicação das REGRAS DE FUTEBOL na condução de uma partida, tem
seu caráter e suas tomadas de decisões colocadas em cheque.
Mas
não é sem motivos que a classe que maneja o apito e as bandeiras está onde
está. Há um sexteto formado pelo comodismo, inércia, conivência, submissão,
ausência de representatividade sindical
e política e a letargia dos próprios árbitros que explicam o estágio decadente
da arbitragem brasileira.
Há
mais de uma década a FIFA emitiu circular com abrangência planetária,
autorizando o patrocínio nas mangas das camisas da arbitragem. A mesma circular
determina que o montante auferido da logomarca das mangas, seja revertido em
benefício exclusivo na requalificação dos árbitros e se existir sobra ela deve
ser distribuída entre os árbitros.
Os
juízes e bandeirinhas que laboram na Alemanha, Espanha, Holanda, Inglaterra,
Itália, França, Japão e mais recentemente Portugal têm participação total ou
parcial nos lucros obtidos com a propaganda nas mangas das camisas – mas no
futebol brasileiro até hoje não há notícia de que algum árbitro tenha
solicitado e recebido um único centavo.
A
missão de solicitar o cumprimento da circular da FIFA é de responsabilidade da
(Anaf) Associação Nacional de Árbitros de Futebol. Mas na última década não se
tem conhecimento de que os que presidiram a entidade tenham adotado medidas
concretas no sentido de fazer valer o direito dos árbitros.
Além
de não marcar posição sobre a logomarca estampada nas mangas das camisas, a
Anaf calou-se diante de mais um patrocínio na indumentária dos homens do apito
na temporada passada. A CBF contrariando determinação da FIFA, alocou um novo
patrocínio nas costas das vestimentas dos apitos e bandeiras que labutam nas
suas competições. Nunca se viu e acredito que não se verá tal fato na CONMEBOL,
na UEFA e nos campeonatos da FIFA.
PS:
Na próxima coluna abordaremos as assembleias que foram convocadas a pedido da
Anaf e a ameaça de “greve” que ficou no “se”, após o veto pela presidência da
República ao direito de arena peticionado à arbitragem, porque segundo a
Advogacia-Geral da União, a petição não tinha no seu bojo conteúdo e embasamento
jurídico que justificasse a concessão.
PS (2):
Também vamos dissecar o movimento inócuo dos apitadores em atrasar um minuto as
partidas do Brasileiro 2015, e, a “escorregada” inominável do jurídico da Anaf,
por ocasião da petição do direito de imagem que por cargas d’água ninguém sabe
o porquê foi protocolada em Recife. Já que o correto seria protocolar a ação no
Rio de Janeiro, sede da emissora que transmite o Campeonato Brasileiro. E, por
último, apresentaremos algumas sugestões que podem se lapidadas melhorar a
qualidade das decisões e contribuir para futuras conquistas da classe que
labora na arbitragem brasileira.
PS (3):
A informação que recebo nesta manhã de terça-feira (26) - é de que se acontecer
a Copa Sul/Minas/Rio, os árbitros da Federação de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro e da Federação Paranaense de Futebol estão proibidos de participarem da
aludida competição. Como os homens de preto do futebol brasileiro são desorganizados
e mantém a cultura “tacanha” de vinculação às associações e sindicatos
meia-boca, árbitros e assistentes das entidades nominadas perderão dinheiro e
prestígio. Aliás, o cenário que se avizinha para 2016 tem as mesmas características
do ano que passou. Ou seja, “vai ser um salve-se quem puder.” Aliás, pergunto: o árbitro de futebol no Brasil não é profissional? Cadê a Anaf e seu departamento jurídico para fazer valer o direito do árbitro exercer o seu labor?
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