domingo, 24 de janeiro de 2016

2016 não pode ser igual ao ano que passou (1)

     Este movimento da arbitragem no Brasileirão/2015 teve "efeito traque"
A epígrafe que dá titulo à este articulado deve ser refletido com profundo equilíbrio pela confraria dos homens de preto do futebol brasileiro neste início de ano. Faço a afirmação em tela porque, caso a categoria mantenha o mesmo “modus operandi” do ano passado, restará à ela repetir este ano o que tem feito ao longo das últimas temporadas, ou seja, continuar “guerreando” tal qual um “náufrago” em alto mar por uma viagem nas aeronaves da gol e algumas escalas aqui, ali e acolá.

Enquanto a TV, os atletas, os cartolas da CBF e das federações, os clubes, os anunciantes das grandes empresas, os preparadores físicos, os técnicos se profissionalizaram e são reconhecidos como tal. Além do motivado, ano após ano os referidos personagens vêm multiplicando seus ganhos financeiros e ocupam a primeira classe do vagão que gere o nosso futebol -  já a arbitragem parou no tempo e está na última classe desse vagão.

Além de ocupar a última classe do vagão, o árbitro ao menor equívoco que comete na interpretação e aplicação das REGRAS DE FUTEBOL na condução de uma partida, tem seu caráter e suas tomadas de decisões colocadas em cheque.

Mas não é sem motivos que a classe que maneja o apito e as bandeiras está onde está. Há um sexteto formado pelo comodismo, inércia, conivência, submissão, ausência de representatividade  sindical e política e a letargia dos próprios árbitros que explicam o estágio decadente da arbitragem brasileira.

Há mais de uma década a FIFA emitiu circular com abrangência planetária, autorizando o patrocínio nas mangas das camisas da arbitragem. A mesma circular determina que o montante auferido da logomarca das mangas, seja revertido em benefício exclusivo na requalificação dos árbitros e se existir sobra ela deve ser distribuída entre os árbitros.

Os juízes e bandeirinhas que laboram na Alemanha, Espanha, Holanda, Inglaterra, Itália, França, Japão e mais recentemente Portugal têm participação total ou parcial nos lucros obtidos com a propaganda nas mangas das camisas – mas no futebol brasileiro até hoje não há notícia de que algum árbitro tenha solicitado e recebido um único centavo.

A missão de solicitar o cumprimento da circular da FIFA é de responsabilidade da (Anaf) Associação Nacional de Árbitros de Futebol. Mas na última década não se tem conhecimento de que os que presidiram a entidade tenham adotado medidas concretas no sentido de fazer valer o direito dos árbitros.

Além de não marcar posição sobre a logomarca estampada nas mangas das camisas, a Anaf calou-se diante de mais um patrocínio na indumentária dos homens do apito na temporada passada. A CBF contrariando determinação da FIFA, alocou um novo patrocínio nas costas das vestimentas dos apitos e bandeiras que labutam nas suas competições. Nunca se viu e acredito que não se verá tal fato na CONMEBOL, na UEFA e nos campeonatos da FIFA.

PS: Na próxima coluna abordaremos as assembleias que foram convocadas a pedido da Anaf e a ameaça de “greve” que ficou no “se”, após o veto pela presidência da República ao direito de arena peticionado à arbitragem, porque segundo a Advogacia-Geral da União, a petição não tinha no seu bojo conteúdo e embasamento jurídico que justificasse a concessão.

PS (2): Também vamos dissecar o movimento inócuo dos apitadores em atrasar um minuto as partidas do Brasileiro 2015, e, a  “escorregada” inominável do jurídico da Anaf, por ocasião da petição do direito de imagem que por cargas d’água ninguém sabe o porquê foi protocolada em Recife. Já que o correto seria protocolar a ação no Rio de Janeiro, sede da emissora que transmite o Campeonato Brasileiro. E, por último, apresentaremos algumas sugestões que podem se lapidadas melhorar a qualidade das decisões e contribuir para futuras conquistas da classe que labora na arbitragem brasileira.

PS (3): A informação que recebo nesta manhã de terça-feira (26) - é de que se acontecer a Copa Sul/Minas/Rio, os árbitros da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e da Federação Paranaense de Futebol estão proibidos de participarem da aludida competição. Como os homens de preto do futebol brasileiro são desorganizados e mantém a cultura “tacanha” de vinculação às associações e sindicatos meia-boca, árbitros e assistentes das entidades nominadas perderão dinheiro e prestígio. Aliás, o cenário que se avizinha para 2016 tem as mesmas características do ano que passou. Ou seja, “vai ser um salve-se quem puder.” Aliás, pergunto: o árbitro de futebol no Brasil não é profissional? Cadê a Anaf e seu departamento jurídico para fazer valer o direito do árbitro exercer o seu labor?
 

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