Corria
o ano de 1997, quando explodiu o escândalo envolvendo o ex-diretor da comissão
de arbitragem da CBF Ivens Mendes, e, vários cartolas do futebol brasileiro.
Fato à época divulgado pela mass média nacional e em amplitude internacional.
Naquela
oportunidade a direção da CBF anunciou medidas drásticas em relação ao caso,
criou uma comissão com o intuito de elaborar um estudo e profissionalizar o árbitro
do futebol pentacampeão com o objetivo de dar-lhe um mínimo de independência. Ficou na promessa e nada de concreto
aconteceu.
Em 2002,
cinco anos após aquele que é considerado o maior “esquema” envolvendo o apito
brasileiro, a diretoria da (Anaf) Associação Nacional de Árbitros de Futebol
apresentou um arcabouço muito bem elaborado ao Congresso Nacional que
contemplava a profissionalização do homem de preto de futebol na sua essência.
Em Brasília a proposta da (Anaf) ganhou o nome de Projeto de Lei Nº 6.405/2002.
Nesse
mesmo ano em agosto, numa partida decisiva da Série (B), Figueirense (SC) x
Caxias (RS), não chegou ao seu final como devia e novamente a arbitragem estava
envolta numa confusão terrível. Independente do aspecto jurídico que equacionou
a questão e dado o desenvolvimento do ocorrido, posteriormente, a CBF voltou a
falar na profissionalização do árbitro. Após o fato em tela, a situação esfriou
e a instituição não avançou um milímetro na direção da profissionalização.
Em
2005 estourou a bronca da “Máfia do Apito” – jogos foram anulados e mais uma
vez a CBF afirmou que profissionalizar o árbitro era a solução para acabar de
uma vez por todas com os problemas. Era mentira, lorota. Ficou tudo como
“Dantes no Quartel de Abrantes”.
Em
outubro de 2013, após perambular durante mais de uma década por inúmeras
comissões e receber diferentes pareceres da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, o que descaracterizou por completo o indigitado projeto, foi
regulamentado a meia-boca a atividade do árbitro do futebol no Brasil, via
Decreto Lei Nº 12.867/2013. Digo meia-boca porque, o artigo terceiro que criava
vínculo entre o árbitro, as federações e a CBF foi vetado pela presidente da
República.
A
CBF, as federações de futebol e os cartolas que comandam os clubes em todas as
ocasiões que foram indagados a respeito do tema profissionalização da
arbitragem, teem descartado qualquer continuidade de diálogo alegando
dificuldades na definição de quem será o empregador e quem irá pagar o salário,
INSS, fundo de garantia, férias, décimo terceiro, PIS e outros encargos
sociais.
Ressalto
que vivencio arbitragem desde 1979 e desde então já ouvi, li, vi, revi e trevi
as mais diversificadas manifestações a respeito da profissionalização do
arbitro, mas de concreto até hoje nada.
É
notório que o futebol há muito tempo deixou de ser mera atividade esportiva - está clarividente também que o futebol
tornou-se um negócio altamente lucrativo que movimenta milhões de dólares - mas
daí falar em profissionalização do árbitro no futebol brasileiro significa ser
incauto, irresponsável ou tentar tapar o sol com a “peneira” quando surgem os
erros de arbitragem.
PS:
Portanto, se almejam serem reconhecidos e remunerados como profissionais e desejam
prestar um trabalho de excelência aos diferentes segmentos do futebol, àqueles
que manejam o apito e as bandeiras no campo de jogo devem buscar alternativas factíveis
- pois do contrário continuarão a saga de serem tratados como objetos descartáveis pela cartolagem que gere o esporte no País.
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