quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Arbitragem profissional só no dia de são nunca

 

Corria o ano de 1997, quando explodiu o escândalo envolvendo o ex-diretor da comissão de arbitragem da CBF Ivens Mendes, e, vários cartolas do futebol brasileiro. Fato à época divulgado pela mass média nacional e em amplitude internacional.

Naquela oportunidade a direção da CBF anunciou medidas drásticas em relação ao caso, criou uma comissão com o intuito de elaborar um estudo e profissionalizar o árbitro do futebol pentacampeão com o objetivo de dar-lhe um mínimo de independência.  Ficou na promessa e nada de concreto aconteceu.

Em 2002, cinco anos após aquele que é considerado o maior “esquema” envolvendo o apito brasileiro, a diretoria da (Anaf) Associação Nacional de Árbitros de Futebol apresentou um arcabouço muito bem elaborado ao Congresso Nacional que contemplava a profissionalização do homem de preto de futebol na sua essência. Em Brasília a proposta da (Anaf) ganhou o nome de Projeto de Lei Nº 6.405/2002.

Nesse mesmo ano em agosto, numa partida decisiva da Série (B), Figueirense (SC) x Caxias (RS), não chegou ao seu final como devia e novamente a arbitragem estava envolta numa confusão terrível. Independente do aspecto jurídico que equacionou a questão e dado o desenvolvimento do ocorrido, posteriormente, a CBF voltou a falar na profissionalização do árbitro. Após o fato em tela, a situação esfriou e a instituição não avançou um milímetro na direção da profissionalização.

Em 2005 estourou a bronca da “Máfia do Apito” – jogos foram anulados e mais uma vez a CBF afirmou que profissionalizar o árbitro era a solução para acabar de uma vez por todas com os problemas. Era mentira, lorota. Ficou tudo como “Dantes no Quartel de Abrantes”.

Em outubro de 2013, após perambular durante mais de uma década por inúmeras comissões e receber diferentes pareceres da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, o que descaracterizou por completo o indigitado projeto, foi regulamentado a meia-boca a atividade do árbitro do futebol no Brasil, via Decreto Lei Nº 12.867/2013. Digo meia-boca porque, o artigo terceiro que criava vínculo entre o árbitro, as federações e a CBF foi vetado pela presidente da República.
  
A CBF, as federações de futebol e os cartolas que comandam os clubes em todas as ocasiões que foram indagados a respeito do tema profissionalização da arbitragem, teem descartado qualquer continuidade de diálogo alegando dificuldades na definição de quem será o empregador e quem irá pagar o salário, INSS, fundo de garantia, férias, décimo terceiro, PIS e outros encargos sociais.

Ressalto que vivencio arbitragem desde 1979 e desde então já ouvi, li, vi, revi e trevi as mais diversificadas manifestações a respeito da profissionalização do arbitro, mas de concreto até hoje nada. 
  
É notório que o futebol há muito tempo deixou de ser mera atividade esportiva -  está clarividente também que o futebol tornou-se um negócio altamente lucrativo que movimenta milhões de dólares - mas daí falar em profissionalização do árbitro no futebol brasileiro significa ser incauto, irresponsável ou tentar tapar o sol com a “peneira” quando surgem os erros de arbitragem.

PS: Portanto, se almejam serem reconhecidos e remunerados como profissionais e desejam prestar um trabalho de excelência aos diferentes segmentos do futebol, àqueles que manejam o apito e as bandeiras no campo de jogo devem buscar alternativas factíveis - pois do contrário continuarão a saga de serem tratados como objetos descartáveis pela cartolagem que gere o esporte no País.

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