quarta-feira, 9 de março de 2016

Profissionalização da arbitragem não é “filigrana”

    Marco Antonio Martins presidente da Anaf, é a personagem que pode  mudar os rumos da arbitragem no Brasil
A profissionalização do árbitro de futebol no Brasil na sua completude, que, deveria ser objeto de discussão de alto nível por pessoas que conhecem o tema, vêm sendo gradativamente “vulgarizada” nos últimos meses, pelos dirigentes das associações de árbitros em conjunto com aqueles que manejam o apito e as bandeiras.

Tornou-se repetitivo ouvir a cada erro grotesco da arbitragem a seguinte declaração: “a solução para melhorar a qualidade das tomadas de decisões dos homens de preto no campo de jogo e minimizar os equívocos, é a profissionalização da categoria na sua plenitude”. Medida que segundo os sindicalistas e apitos, irá propiciar dedicação em tempo integral dos árbitros à sua atividade. A última “lorota” sobre o assunto saiu da boca do árbitro Anderson Daronco (Fifa/RS)- que não viu ou se omitiu sobre o lance mais violento desta temporada do futebol brasileiro, quando da realização do Gre-Nal de nº 409.

Diante do que, a primeira pergunta sobre a profissionalização do árbitro é: quantos árbitros e/ou assistentes inscritos nas federações de futebol ou na CBF pelo País afora, vivem exclusivamente da arbitragem? Como não conheço todos os apitos, acredito que deva existir uma ou outra exceção - até porque é condição sine qua non das federações de futebol e da CBF,  aceitarem a inscrição dos homens do apito se comprovarem que exercem algum tipo de labor em órgão público ou privado.

A segunda pergunta é: quem deixaria sua atividade profissional do cotidiano onde está registrado em carteira ou é concursado e tem direitos como: INSS, férias, salário, FGTS, PIS, PASEP, aposentadoria, e em alguns casos plano de saúde e   aposentadoria privada, em troca de uma carreira de sucesso limitadíssima à poucas pessoas? 

Digo limitadíssima, porque só atingem o degrau mais elevado da arbitragem quem tem dom, talento e, sobretudo, vocação para o mister de árbitro.  

A terceira pergunta é: os maiores interessados, os árbitros e seus representantes em algum momento sentaram com as lideranças políticas em Brasília, federações, CBF e apresentaram algum esboço e/ou estudo ou projeto para discutir se a conjuntura econômica do Brasil, incluindo as leis trabalhistas (CLT) e os encargos sociais vigentes, permitem que a arbitragem seja profissionalizada na sua essência?

Respondo: acompanho e muito a questão da arbitragem - motivo pelo qual afirmo peremptoriamente que a resposta é não. Não há sequer um arremedo de projeto que contemple a profissionalização na sua magnitude. Desafio os sindicalistas do apito a exibirem algo a respeito nas próximas 24hrs.

A quarta pergunta é: como falar em profissionalizar o árbitro na sua totalidade, se após dois anos e meio da regulamentação da atividade do árbitro de futebol no País, há apenas três sindicatos – Paraná, Rio G. do Sul e São Paulo com a Certidão de Registro Sindical (Carta Sindical)? Aliás, as três entidades mencionadas já eram detentoras da (Carta Sindical) antes da regulamentação da categoria em 2013. De lá para cá não se avançou um milímetro.

Como falar em árbitro profissional se após dois anos e meio da regulamentação da atividade da categoria, os sindicalistas dos homens de preto e os próprios árbitros não conseguiram providenciar a documentação necessária para a criação da Federação Brasileira dos Árbitros de Futebol? O que existe de concreto que impede a sua criação?

Portanto, é de bom alvitre que árbitros e seus representantes, antes de apregoarem que a profissionalização na sua integralidade é a solução para diminuir a escalada de erros que são perpetrados diariamente nos jogos, se organizem, promovam workshop, painéis, seminários sobre o tema. E, a posteriori, apresentem um estudo que tenha indícios de que a profissionalização completa do homem do apito no Brasil é factível

PS: Porque o discurso reiterado da profissionalização está caindo na vala comum. Ou melhor: Está se tornando falácia.     

PS (2): Como não realizaram aportes financeiros e/ou esqueceram de fazer investimentos, que propiciassem cursos de requalificação (capacitação continuada) na última década à arbitragem,  ficaram circunscritos a ultrapassada pré-temporada com duração de três a cinco dias, as federações de futebol decidiram "inovar" nesta temporada. Punir com “escracho” na imprensa, os apitos e bandeiras que cometerem algum tipo de erro de interpretação e aplicação das Regras do Jogo. 

PS (3): A primeira a punir “exemplarmente” os seus assistentes foi a Federação Paranaense de Futebol (FPF) -  onde o continuísmo é a principal característica da comissão de árbitros da entidade. Agora, de acordo com o Apito Nacional, é a Federação Mineira de Futebol que aderiu a prática da (FPF). A arbitragem mineira só tem um árbitro com futuro até o momento, Ricardo Marques Ribeiro, que já estava lá antes de Giuliano Bozzano ser diretor da comissão de árbitros de Minas Gerais. Ponto.    


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