quarta-feira, 6 de julho de 2016

Horacio Elizondo: "Me preparei durante três anos para dirigir a final"

    Horacio Elizondo, exibindo o cartão vermelho ao meia francês Zidane de branco, após este desferir uma cabeçada no italiano Matterazzi - foto: Conmebol

O argentino Horacio Elizondo, que hoje tem 52 anos, inicialmente sonhava em se tornar um jogador de futebol, mas "a vida vai te mostrando outros caminhos", disse. Tempo depois dedicou-se ao atletismo e, mais tarde, formou-se professor de educação física.

Seus sonhos de infância cumpriu sendo árbitro "tanto nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e na Copa do Mundo de 2006", na Alemanha. 10 anos depois de sua estreia em seleções,  chegou sua hora ... "Para o grande evento alemão teve um longo período de preparação. "Não foi um mês, 35 ou 40 dias. Foram três anos com esse objetivo de se preparar da melhor maneira possível para chegar na Copa do Mundo de 2006 e estar à altura. Não apenas falo por mim, mas pela minha equipe de arbitragem.

Foi justo naquele ano que começaram a denominar-se equipe de arbitragem. E passou-se então a configurar e ver a arbitragem de outro ângulo. E ir construindo algo essencial e importante, um valor fundamental no trabalho em equipe como a confiança", indica a FIFA.com

Rodolfo Otero e Dario Garcia foram seus bandeirinhas no jogo de abertura entre Alemanha x Costa Rica no citado mundial", foi uma grande felicidade e também uma grande responsabilidade, porque você tinha que mostrar ao mundo como se iria aplicar e interpretar as regras de jogo", explica. "O trio argentino dirigiria então cinco jogos na Alemanha 2006", incluindo a memorável final".

Horacio relembra: "Finais são geralmente mais calmas, as equipes são mais cuidadosas em não cometer erros. Mas esta foi uma final diferente". "Antes dos 5 minutos eu estava apitando um pênalti a favor da França. Depois, houve um gol anulado para a Itália também, por parte de Dario Garcia. Vem o empate e depois a famosa ação entre Zidane e Materazzi".

O relato desta ação que ficou para a história é o seguinte: "Eu estava longe da ação naquele instante. Paro o jogo e vou para o lugar onde estava o jogador italiano. Pergunto através de intercomunicadores aos meus assistentes se eles tinham visto algo. Ambos me dizem que não. "E aí aparece Luis Medina Cantalejo, que foi o quarto árbitro da Espanha, que me diz 'terrível cabeçaço do 10 dos brancos para ...’, não me lembro o número de Materazzi", continua. "Medina Cantalejo me disse 'quando você vir, você não vai acreditar". Então pensei, 'Ah, não, algo terrível aconteceu aqui". 

E essa construção destes três anos de trabalho, confiança, trabalho em equipe, era acreditar no que Luis estava dizendo naquele momento. Eu disse, 'Bem, já está, com isso Zidane vai pra fora".
"... que te aplaudam as duas torcidas, dar autógrafos, que me chamem de presidente da Nação ..." foram as repercusões na vida de Elizondo depois daquela Copa do Mundo. 

Mais tarde, naquele mesmo ano, o argentino se retiraria da arbitragem na La Bombonera, com um jogo entre Boca x Lanús.
“Estava mais preparado para chegar pelo lado negativo, talvez mais traumático, mais polêmico. De modo que também esse foi um ingrediente e uma aprendizagem nova, um grande consolo ao meu coração”, termina a entrevista que pode ser vista no link a seguir: http://goo.gl/EAkPGW

Entrevista publicada NO SITE DA FIFA.com/CONMEBOL

Opinião do Bicudo (1) - A entrevista de Horacio Elizondo e seu conteúdo explicita uma lição de aprendizado, humildade e conscientização de um profissional que assimilou que, para ser um árbitro top de linha e atingir o cume que todo árbitro pretende que é participar do Mundial da FIFA, é imperativo um processo diário de treinamento tático, físico, psicológico, técnico, leitura das Regras de Futebol, leitura de cada partida que vai apitar e Diretrizes do IFAB e muita, muita dedicação e humildade.  

Opinião do Bicudo (2) - Outro exemplo característico de humildade, persistência e dedicação a carreira de árbitro aos mais jovens que pretendem ascender ao quadro da FIFA, vem do brasileiro Heber Roberto Lopes (FIFA/SC). Após anos de labuta no apito e ser um dia desprezado pela anacrônica cartolagem do futebol paranaense, foi para Santa Catarina e lá se tornou o melhor apito do Brasil e da América do Sul na atualidade. Tanto é verdade que, no último dia (26/6), comandou a finalíssima da Copa América Centenário dos EUA, a mais importante competição das Américas.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário