A
arbitragem brasileira atravessa um dos momentos mais turbulentos de
sua história. Nos últimos quatro anos, a CBF trocou por quatro
vezes o Presidente da Comissão de Arbitragem, fator preocupante que
nos mostra uma realidade que precisa ser reavaliada num amplo debate
nacional com todos os que regem o futebol. É necessário unir
esforços para que medidas eficazes sejam tomadas em conjunto,
objetivando melhorar o atual cenário.
Apitar
futebol no Brasil está perdendo a graça. Para que se tenha uma
ideia, não se pode viver de arbitragem no “país do futebol”, já
que embora cobrados como profissionais, árbitros e auxiliares
precisam obrigatoriamente ter uma profissão, pois caso contrário é
praticamente impossível honrar as contas no fim no mês. Diante
desse panorama, como dedicar-se exclusivamente a uma atividade tão
cobrada, achincalhada e execrada, se não há um plano de carreira
adequado?
Dedicar-se
ao futebol é algo que está no sangue desses homens e mulheres que
trocam o convívio familiar, investem na carreira, passam por todos
os tipos de avaliações e ainda são submetidos a serem investigados
por uma corregedoria. Mas do que adianta tudo isso, se a motivação
dos árbitros que é a “escala”, nem sempre lhes é dada?
Infelizmente
todo esforço do árbitro de futebol hoje no Brasil é jogado dentro
de um “globo”. Enquanto houver sorteio ou bingo, como queiram
chamá-lo, a arbitragem continuará sendo vidraça e renegada a
própria sorte. Árbitro de futebol não pode ter a sua capacidade
avaliada com cursos anuais, que nem sempre todos fazem. Falta no
Brasil transparência nos critérios de escalas e vontade política
para que a audiência pública, sancionada na Lei que regula a
atividade de árbitro de futebol no Brasil, possa ser cumprida.
Em
tempos de “pilares”, infelizmente nem sempre a competência é
levada em consideração. Hoje o grande problema da arbitragem no
Brasil é a política que assola comissões e engessa carreiras.
Enquanto uns se preocupam com papéis, criações de normas e
circulares que atrapalham no desempenho do árbitro dentro de campo,
a única coisa que a categoria quer é apitar.
No
ano passado a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol foi a
responsável pela designação dos árbitros que atuaram nos jogos da
Copa Sul – Minas – Rio. E da primeira rodada até a decisão,
todas as designações foram feitas através de audiências públicas,
valorizando o árbitro que atravessava o melhor momento, dando ênfase
não só a sua parte técnica, como física e mental.
A
Confederação Brasileira de Futebol precisa vestir a camisa da
arbitragem efetivamente. Não se pode mudar o diretor de árbitros
todo ano ou criar mais comissões para julgá-lo, o que se tem de
fazer é criar mecanismos para que os profissionais sejam escalados
com critério e respeito à carreira de cada um. De norte a sul do
Brasil o descontentamento é grande com o que se tem visto dentro de
campo, mas tudo isso pode ser resolvido com investimentos maciços na
qualificação e aperfeiçoamento da categoria.
Para isso, basta a CBF destinar os valores que recebe dos patrocínios estampados no uniforme dos árbitros, para que resultados positivos possam aparecer.
Para isso, basta a CBF destinar os valores que recebe dos patrocínios estampados no uniforme dos árbitros, para que resultados positivos possam aparecer.
A
Comissão de Árbitros da CBF deveria ter pelo menos “um” membro
em cada região do Brasil com autonomia para ajudar nas escalas e no
planejamento anual da pasta. Faz-se necessário indicar uma pessoa
oriunda da região, para que esta possa não só acompanhar os
campeonatos estaduais tendo a oportunidade de revelar novos nomes,
como também ter um canal aberto com o diretor central. Dessa maneira
a arbitragem seria descentralizada e a CBF estaria acabando com o que
se chama de “mais do mesmo”.
O
futebol é um esporte que ninguém quer perder, mas os únicos que
sempre perdem e não tem o direito de reclamar, são os árbitros,
que a cada rodada estão cada vez mais longe de serem infalíveis.
Todos nós estamos no esporte por amor ao que fazemos, por isso,
agora mais do que nunca é necessário estarmos cada vez mais unidos,
pois apenas dessa forma conseguiremos resgatar o equilíbrio dentro e
fora de campo. Portanto: vamos arregaçar as mangas e trabalhar para
fomentar a atividade respeitando pessoas, entidades e carreiras. A
ANAF está com vocês e vai lutar para encontrar alternativas que
mudem efetivamente essa triste realidade.
FONTE:
ANAF - Salmo Valentim,
diretor-financeiro da ANAF
Opinião
do Bicudo: No
sétimo parágrafo do artigo em tela, o sr. Salmo Valentim,
cobra a destinação das verbas
dos patrocínios que são estampados na indumentária dos apitos e
bandeiras que laboram nas competições da CBF -
dinheiro que deveria ser revertido na requalificação da arbitragem
brasileira.
Quem
nos campanha aqui neste espaço diariamente, é testemunha ocular de
quantos artigos nós escrevemos cobrando uma posição da Anaf a
respeito do fato. É a primeira vez que observo um dirigente da
entidade,
vir a público, fazer tal reivindicação. Sua posição é digna de
elogios.
Todos
os
temas
abordados por Valentim que é um sindicalista nato tem
objetividade - mas,
enquanto não for criada a Federação Brasileira dos Árbitros de
Futebol, entidade de segundo grau superior ao sindicato, dificilmente
a categoria atingirá seus objetivos. Criada
a federação, a arbitragem do futebol pentacampeão nunca mais será a
mesma. Resta identificar quem são os interessados contrários a federação, e quais são os interesses
“ocultos” que impedem a sua criação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário